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Nº 5882
Cidades

Anemia afeta at� 60% das crian�as em AL

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Por | Edição do dia 09/05/2004 - Matéria atualizada em 09/05/2004 às 00h00

TAMARA ALBUQUERQUE A miséria absoluta em que vive a maioria da população dos municípios alagoanos, comprovada através dos mais baixos indicadores sociais registrados no País, está condenando uma geração de indivíduos a ter graves problemas de retardamento físico e mental. A fome endêmica ou a carência de alimentos nutritivos à mesa, faz do Estado o detentor de um dos mais altos índices nacionais de portadores de anemia ferropriva, especialmente entre as crianças. Pesquisas realizadas nessas comunidades marginalizadas apontam que entre 45% a 60% de meninos e meninas até dois anos têm deficiência de ferro no sangue. A média nacional para esta faixa etária é de 40%. A doença instalada por longo tempo, incondicionalmente deixa seqüelas para toda vida: provoca anorexia, baixo ganho de peso, taquicardia e, principalmente, alterações no desenvolvimento motor e cognitivo. Hoje, a anemia ferropriva já é considerada pelo Ministério da Saúde, o principal problema relacionado à deficiência nutricional. Ela se caracteriza pela diminuição dos glóbulos vermelhos no sangue, ou mais precisamente, da quantidade de hemoglobina presente nesses glóbulos. A hemoglobina, segundo a professora da Universidade Federal de Alagoas, hematologista Rosana Brandão Vilela, é uma das mais importantes proteínas do sangue, pois é ela que contém ferro e o oxigênio necessário para alimentar o organismo. Em resumo, quando há deficiência de hemoglobina, os tecidos e órgãos começam a receber uma quantidade insuficiente de oxigênio e não conseguem trabalhar adequadamente. A médica alerta que sem uma boa oxigenação, o corpo dá sinais de cansaço generalizado, apatia, falta de ânimo para as atividades diárias, tontura e palidez, entre outros sintomas. A anemia ferropriva compromete o crescimento físico e o processo de aprendizagem. É por isso que as crianças - que precisam do ferro para crescer e se desenvolver - são as mais vulneráveis à doença e quem sofre mais danos com ela. Para fugir da anemia, elas precisam ingerir, no mínimo, 10 mg de ferro por dia. Em escala crescente, as mulheres estão mais propensas à anemia que os homens, uma vez que perdem sangue na menstruação e dividem suas reservas minerais na gravidez. As recomendações médicas são de que uma gestante deve ingerir, por exemplo, 30 mg diários de ferro. O homem adulto precisa de 10 mg do mineral para manter-se saudável. A orientação sobre como conseguir suprir as necessidades de ferro no organismo é simples, mas não está ao alcance da grande maioria da nossa população: através de uma dieta equilibrada, rica em alimentos considerados fonte de ferro. O principal deles, segundo Rosana Vilela, é a carne de origem animal, seja ela vermelha, de frango ou de peixe. O ferro também está presente em frutas, verduras, legumes e leguminosas como o feijão, a lentilha e o grão de bico, mas nesses casos a absorção pelo organismo sobre influências de outros alimentos e precisa da ajuda da vitamina C. A médica enfatiza que o ferro que é totalmente aproveitado no processo digestivo é aquele que provém das carnes e das vísceras de animais. Infelizmente, esses alimentos não costumam estar presentes à mesa das famílias carentes e de baixa renda no Estado.

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