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Nº 5897
Cidades

VARIANTES DEIXAM CENÁRIO DA PANDEMIA INCERTO EM 2022

Para infectologista, padrão mutante do vírus e heterogeneidade da vacinação entre países dificultam controle da pandemia de Covid-19

Por regina carvalho | Edição do dia 08/01/2022 - Matéria atualizada em 08/01/2022 às 04h00

Próximo de completar um ano desde o início da vacinação contra o novo coronavírus, ocorrido em 19 de janeiro de 2021, Alagoas tem 2,3 milhões de pessoas que receberam pelo menos a primeira dose contra a doença. Em percentuais, há cerca de 70% da população vacinada com a 1ª dose e perto de 55% com o esquema vacinal completo.   

Maceió supera essa marca, com quase 90% com duas doses. Entretanto, com as aglomerações registradas no final do ano e as variantes, o cenário ainda é incerto em 2022, segundo especialistas. Em Alagoas, que ocupa colocação preocupante em relação aos demais estados no quesito vacinação, os cuidados devem ser redobrados.

A reportagem entrevistou a infectologista Mardjane Alves e perguntou se é possível pensar no fim da pandemia este ano. “Ainda não. É possível que alguns países consigam controlar, mas como de fato o comportamento do vírus depende do sucesso de cada um dos países, desde os mais pobres até os mais ricos, no cenário atual ainda não é possível o fim da pandemia porque ainda há uma heterogeneidade grande de cobertura vacinal nos países”, avalia.

Na opinião da especialista, pelo perfil do vírus, de mutação, e pelo que se tem observado em relação ao comportamento da doença e a cobertura vacinal, ainda não é possível pensar no fim da pandemia este ano. “É um ano que a gente tem possibilidades grandes de avançar concretamente na estabilização”, acrescenta.

Diante de uma cobertura vacinal ainda irregular em muitos países e aparecimento de variantes, a médica acredita que o cenário da pandemia de Covid-19 ainda é de incerteza. “O cenário é de incerteza sim, embora saibamos muito sobre o comportamento do vírus. Há alguns pontos tranquilizadores, mas essa capacidade de mutação do vírus, que já era esperada pelo perfil, faz com que a previsibilidade não seja algo seguro de ser feito. Embora as vacinas nos deem uma segurança muito grande, estamos mundialmente longe de alcançar uma cobertura vacinal ampla e homogênea”, diz.

Mardjane cita como um dos principais entraves para o fim da pandemia a cobertura vacinal, que precisaria ser ampla e homogênea no mundo, já que os países se conectam inevitavelmente. “Esses bolsões de não vacinados , como em outras doenças infecciosas, não só são fontes de novos surtos, como são locais mais susceptíveis a geração de mutações que levam a mudança do perfil dos micro-organismos”, afirma a médica.

Mesmo em Alagoas, na opinião de Mardjane, a vacinação não é homogênea. Existem cidades que avançaram bem e outras nem tanto. “Ainda tem sim cidades, locais e pessoas que não se vacinaram não atingiram a meta de amplitude da vacinação. Me preocupa também, bastante, a cobertura para a segunda dose que ainda tá baixa. A gente sabe que a estratégia para proteção mais eficaz são três doses, se não conseguiu nem atingir os 60% da segunda dose, quiçá da terceira dose”, lamenta.

Na avaliação do infectologista Fernando Maia, pode-se pensar no fim da pandemia este ano, mas se a vacinação avançar mais. Ele diz acreditar na possibilidade de vacinação anual contra a Covid, como ocorre com a gripe. “A Covid não vai desaparecer, vamos sair da situação de pandemia, mas continuaremos a ter casos de Covid, que serão mais esporádicos. Não vai ser essa bagunça que está agora”, finaliza.

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