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Nº 5882
Cidades

21 mortos e 3 desaparecidos em menos de 24h

MÁRIO LIMA Na edição de domingo do dia 23 de maio, a GAZETA publicou uma reportagem sobre os riscos que a população corria com a chegada do inverno. Ontem, dezoito horas de chuvas ininterruptas que castigaram Maceió e deixaram um rastro de morte e destru

Por | Edição do dia 02/06/2004 - Matéria atualizada em 02/06/2004 às 00h00

MÁRIO LIMA Na edição de domingo do dia 23 de maio, a GAZETA publicou uma reportagem sobre os riscos que a população corria com a chegada do inverno. Ontem, dezoito horas de chuvas ininterruptas que castigaram Maceió e deixaram um rastro de morte e destruição confirmaram a triste previsão. No final da noite do pior dia do aguaceiro, a Defesa Civil contabilizou 15 mortos em desabamentos e pelo menos três desaparecidos, um deles tragado por um bueiro no bairro Santa Lúcia – com mais de 31 feridos atendidos na Unidade de Emergência e mais de 800 desabrigados e desalojados instalados em escolas públicas. Em outro acidente fatal, seis trabalhadores rurais morreram e 10 ficaram feridos. Eles estavam em um ônibus, no momento da queda em uma ribanceira, com o veículo arrastado pelas águas, entre Paripueira e São Luiz de Quitunde, no litoral norte alagoano. Ambulâncias que iriam em socorro das vítimas ficaram atoladas. Só à tarde os feridos foram removidos para hospitais da região. Conjuntos habitacionais como o Rosane Collor, Graciliano Ramos, Salvador Lyra, Medeiros Neto – nesse as fossas estouraram e se misturaram com a água da chuva – ficaram inundados e com moradores ilhados. Durante todo o dia, a Defesa Civil e a prefeitura fizeram apelos nas rádios locais para que a população das áreas de risco deixasse a casa. Entre as regiões mais afetadas estão Bebedouro, Ouro Preto, Feitosa, Pontal da Barra, Dique Estrada, Murilópolis, Cruz das Almas e Rio Novo. A Defesa Civil registrou mais de vinte deslizamentos e quatro desabamentos em áreas de risco. Na Grota da Paz, no Benedito Bentes, uma casa desabou, matou duas crianças e deixou a família em estado de choque. No bairro de Bebedouro outras duas crianças morreram soterradas. Muitas regiões ficaram sem energia e sem água. Foram 13 mil reclamações por problemas com energia, de acordo com a Companhia Energética de Alagoas (Ceal). O hospital José Carneiro também sofreu com a falta de energia, e teve de suspender o atendimento no fim da tarde. Trens ônibus e aviões deixaram de prestar serviço. A empresa Piedade tirou seus ônibus de linha durante boa parte do dia; a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) suspendeu os trens urbanos para Rio Largo e Lourenço Albuquerque; o Aeroporto Zumbi dos Palmares teve um movimento atípico e passou boa parte do tempo sem operar pousos e decolagens durante toda a manhã e tarde de ontem. Mas a pista foi liberada no fim da tarde. O centro da cidade viveu um dia de caos, com grandes engarrafamentos, sinais quebrados, ruas e lojas inundadas. Na Via Expressa, um posto de gasolina foi sub-merso pelas águas. O volume de água nessa via foi conseqüência do trans-bordamento das obras de macrodrenagem do Tabuleiro e do açude da Coca-Cola, no Distrito Industrial. Empresários ainda não têm o valor estimado dos prejuízos, mas o setor de transporte calcula que vai gastar R$ 2 mil por cada ônibus submerso nas chuvas. No interior do Estado, as chuvas elevaram o nível das águas dos principais rios que atravessam os municípios alagoanos. As cidades de Rio Largo e Santa Luzia do Norte sofreram maiores estragos com inundações e desmoronamentos de casas. Carlos Molion, do núcleo de meteorologia do Radar da Universidade Federal de Alagoas, aponta para a possibilidade de mais dois dias de chuvas, pelo menos até quinta-feira, com precipitações como a de ontem, que chegaram a 35 milímetros, o equivalente a tudo que choveu em todo o mês de junho do ano passado. A Universidade Federal de Alagoas, escolas da rede pública e órgãos públicos deixaram de funcionar. No Tribunal Regional do Trabalho todas as audiências foram suspensas. No Tribunal de Justiça, apenas 30% do corpo de funcionários compareceu, o que levou à suspensão do expediente. Ontem estavam na pauta dois importantes julgamentos, o do Ministério Público, pedindo o afastamento da prefeita de Rio Largo, Maria Elisa, e do habeas-corpus da advogada foragida, envolvida na guerra da polícia, Cláudia Pontes.

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