Um dia após o movimento independente de militares ganhar força e adesão em massa para boicote à Força-tarefa de Segurança, o governo de Alagoas demonstra ter sentido a pressão e dedo criar uma propaganda positiva para as chamadas ‘viaturas amarelinhas’. Para isso, segundo relatos de PMs que preferiram manter seus nomes no anonimato, enviou uma equipe de comunicação a Arapiraca e teria obrigado policiais da Radiopatrulha (RP) a desfilar pela cidade nas guarnições e gravar vídeo falando bem, dando a entender que o serviço voluntário estaria a todo vapor, inclusive com a satisfação da tropa.
A categoria cobra o reajuste para quem exerce atividade no serviço extra, tendo em vista que o valor não é aumentado desde 2014. A Gazeta recebeu imagens mostrando várias viaturas da força-tarefa paradas na região central do município, com uma grande movimentação.
A denúncia dá conta de que, no começo da manhã dessa quarta-feira (2), os militares do 3º Batalhão foram surpreendidos, na hora do armamento, com a informação de que deveriam sai nos veículos da “amarelinhas”, e não nos carros oficiais da RP, com a intenção de cumprir uma agenda como setor de comunicação do Palácio. O mais grave é que algumas policiais militares narram ter se sentido coagidas e intimidadas após serem “obrigadas” a gravar um vídeo com mensagens positivas do trabalho desenvolvido pela Força-tarefa.
“Muitas desses policiais estão aderindo ao movimento e não quiseram sair nas ‘amarelinhas’, mas estavam sendo pressionadas pelo governo a falar bem do serviço”, revelou uma das fontes ouvidas pela Gazeta. Segundo ela, os PMs intimados pela assessoria de comunicação do governo tiveram que tirar a identificação do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha do braço para “fingir” que estavam prestando serviço para a Força-tarefa na propaganda produzida pelo governo. Os militares disseram acreditar que a equipe governista “tenta, com esta medida, passar a imagem de que a FT está nas ruas e, consequentemente, enfraquecer o movimento de boicote”.
A fonte informou que as gravações aconteceram durante a manhã, no Centro e no bairro Bosque das Arapiracas, gerando revolta entre os policiais. Nas redes sociais, tem aumentado a revolta da tropa ao governo. Um movimento de conotação independente surgiu em prol da não adesão ao Programa Força-tarefa. Desde a sua criação, em 2017, o programa paga ao policial R$ 20 por hora trabalhada.
Tudo começou no domingo para segunda-feira e já conta com adesão em vários batalhões do Estado. O valor defasado é uma das pautas, mas os militares querem respostas, principalmente, sobre a reorganização do Q.O. [Quadro Organizacional na PM e no Corpo de Bombeiros]..