Mais de 800 crianças com 10 anos ou menos foram infectadas pelo novo coronavírus somente este ano em Alagoas, das quais 75 desenvolveram casos graves, conforme dados do Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). De 1º de janeiro até 9 de fevereiro, os números saltaram de 7.235 para 8.090 casos notificados de Covid-19 em crianças de até 10 anos, aumento de 855 casos.

Este ano, foram registradas quatro mortes de crianças alagoanas nessa faixa etária pela doença, passando de 27, até o final do ano passado, para 31 óbitos de crianças com 10 anos ou menos.

O número de casos graves de Covid – SRAG [síndromes respiratórias agudas graves] por Covid – nessa faixa etária também aumentou, passando de 512, em 1º de janeiro, para 587 em 9 de fevereiro em Alagoas. O aumento levou o Estado a reabrir leitos de UTI Covid pediátricos em 17 de janeiro, quando o número de leitos então ofertados para este público passou de seis para dez. No dia 26 de janeiro, o índice de ocupação de leitos de UTI Covid pediátrica chegou a 90%, com nove dos leitos ocupados. Na última atualização, de 8 de fevereiro, havia quatro leitos de UTI Covid pediátrica ocupados em Alagoas.

VARIANTE AUMENTA RISCOS DE INFECÇÃO

Para especialistas, a vacinação das crianças, iniciada no último dia 17 de janeiro, mas ainda com baixa cobertura, é fundamental para conter a infecção, uma vez que as crianças constituem o último contingente da população a ser inserido no Programa Nacional de Imunização (PNI). O médico infectologista Renee Oliveira alerta que a circulação da variante Ômicron, mais transmissível que as anteriores, potencializa os riscos de transmissão da Covid-19 também entre as crianças. “As crianças são muito importantes para melhorar a cobertura vacinal. Com a circulação da variante Ômicron, extremamente transmissível, muito mais do que as variantes Delta e Gama, anteriormente presentes em nosso meio, agora, as chances de a criança contrair a Covid-19 é muito maior”, informa. “Consequentemente, mais crianças vão adoecer e mais crianças vão necessitar de internação, como nós estamos vendo, aumento da necessidade de internação de crianças em UTI, devido à penetração da variante Ômicron dentro do seio familiar ser muito maior”, diz o médico.

VACINAÇÃO SEGURA

O infectologista defende a segurança das vacinas pediátricas disponíveis e reafirma que a vacinação é fundamental para a proteção das crianças. “As vacinas pediátricas são seguras, amplamente testadas para levar proteção às nossas crianças. Nós temos duas vacinas aprovadas pelo órgão regulador, que é a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] - a Coronavac e a Pfizer -, exaustivamente testadas e com milhões de doses aplicadas em outros países. São vacinas seguras, não podemos deixar de vacinar nossas crianças e deixar que venham a contrair a Covid-19 e caminhem para quadros que necessitem de internação ou que precisem de unidade de terapia intensiva”, afirma Renee Oliveira. Até a última terça-feira (8), haviam sido vacinadas, em Maceió, 23.896 crianças de 5 a 11 anos, o que representa 24,49% da estimativa de crianças a serem imunizadas na capital alagoana. Em todo o Brasil, segundo levantamento feito pela Globonews, com base nas informações das secretarias estaduais de Saúde, havia menos de 20% de cobertura de vacinação na faixa etárias dos 5 aos 11 anos até a última segunda-feira (7).