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Nº 5897
Cidades Em casos de violência física ou violência sexual, é sempre muito importante que se escute e respeite as vítimas

60% DAS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA EM ALAGOAS SÃO NEGRAS

Os números da Segurança Pública também são preocupantes e mostram que em dois anos 66 mulheres foram vítimas de feminicídio

Por Regina Carvalho | Edição do dia 08/03/2022 - Matéria atualizada em 08/03/2022 às 04h00

Perto de 60% das mulheres atendidas em entidade que acolhe vítimas da violência são negras, 70% possuem filhos e 94% não possuem renda fixa. Os dados são do Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), entidade que fica em Maceió. Os números da Segurança Pública também são preocupantes e mostram, ainda, que em dois anos 66 mulheres foram vítimas de feminicídio em Alagoas, números que transformaram o estado em destaque negativo no Brasil quando se fala em crime hediondo, que se caracteriza pela violência doméstica e familiar e pelo menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Para Cristiane Lúcio, presidente da Comissão Especial da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL), em casos de violência física ou violência sexual, é sempre muito importante que se escute e respeite as vítimas. Ao tomar conhecimento dos casos, a Comissão Especial da Mulher da OAB/AL pode prestar o acolhimento necessário. “Estamos buscando levantar alguns dados nesse início de nova gestão, entrando em contato com as secretarias que tratam das pautas voltadas para as mulheres no âmbito estadual e do municipal, poder judiciário, polícia militar e civil, ministério público, ONGs, casa de acolhimentos e todas as redes de apoio que tratam sobre o tema”, explica Cristiane Lúcio. A advogada lembra que muitas pessoas vivem relacionamento abusivo e não sabem. “Isso porque acreditam que uma relação só é abusiva quando existe violência física ou verbal. É muito importante nesse momento procurar ajuda e apoio em pessoas que elas (vítimas) possam confiar, conversar com pessoas que passaram por situações semelhantes, buscar ajuda dos órgãos competentes, delegacias especializadas, nas redes de apoio e enfrentamento à violência contra mulheres, Crasmv (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Doméstica), casas de acolhimento, comissões voltadas para mulheres, Patrulha Maria da Penha, defensoria pública, judiciário, OAB”. Caso saiba sobre situação de violência contra a mulher, há números específicos para denúncias e apoio: Disque 100; Disque 180; Mensagem pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008; Casa da mulher alagoana (82) 2126-9560 e Polícia militar: 190. “Os danos na vida dessas mulheres vítimas de violência são desastrosos, cada abuso sofrido pode causar danos irreparáveis. A violência física (que chama mais atenção) as humilhações, o desrespeito e todas as outras formas de violência, seja moral, patrimonial, sexual, ou psicológica. Precisamos mudar esse panorama e toda sociedade pode ajudar, seja denunciando esses tipos de violência, seja apoiando essas mulheres”, finaliza Cristiane Lúcio. A advogada Paula Simony Lopes, do Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), diz que a entidade recebe mulheres por 3 portas de entrada: pessoalmente, na sede que fica localizada no bairro Tabuleiro do Martins (Maceió); pela internet, através dos canais nas redes sociais como Instagram e WhatsApp, pelo atendimento online; e através da rede de atendimento e proteção que realiza o encaminhamento dos casos para a ONG. “Somente ano passado realizamos mais de 600 atendimentos envolvendo os três formatos que oferecemos. Nossa contagem de dados vai direto para uma planilha e uma ficha social a qual medimos a situação de violência evidenciada. Os dados que possuímos são alguns gerais da SSP, como a quantidade de feminicídios; a quantidade de violência doméstica, segundo o juizado de violência doméstica é maior do que nos outros bairros, tendo a parte alta da cidade, somente no Benedito Bentes 6x mais demandas do que as demais delegacias da mulher na cidade; e dados sociais do atendimento da própria ONG que demonstram que cerca de 58% das atendidas são negras, 70% possuem filhos; e 94% não possuem rende fixa e recebem algum tipo de auxílio”, detalha Paula Simony. A reportagem pergunta a responsável pelo CDDM qual a orientação da entidade para mulheres que estão sofrendo relacionamento abusivo (vítima de agressão). “Que se organize e procure ajuda, pois não existe fórmula mágica para sair da violência, cada mulher tem que olhar para si e pensar na melhor alternativa, para isso, temos esse canal e alguns outros para te ajudar”, finaliza.

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