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Nº 5865
Cidades

Ruas de Macei� abrigam cerca de mil menores

O radialista Walmar Buarque, coordenador do Instituto Catarse de Fomento a Cidadania, organização não-governamental (ong), que trabalha com crianças e adolescentes carentes, denuncia, com base nos arquivos da entidade, que atualmente cerca de mil meninos

Por | Edição do dia 14/04/2002 - Matéria atualizada em 14/04/2002 às 00h00

O radialista Walmar Buarque, coordenador do Instituto Catarse de Fomento a Cidadania, organização não-governamental (ong), que trabalha com crianças e adolescentes carentes, denuncia, com base nos arquivos da entidade, que atualmente cerca de mil meninos de rua estão consumindo drogas nas praças e ruas de Maceió. Buarque também revela que só este ano já chega a 58 o número de meninos desaparecidos. “A cada dia a situação se agrava, por falta de projetos sociais dos governantes que parecem mesmo é odiar estas crianças vítimas de todo o tipo de preconceito. Hoje, temos mil jovens usando drogas, roubando e assaltando. Amanhã este número com certeza deve aumentar”, alerta Walmar Buarque. O coordenador do Instituto Catarse de Fomento a Cidadania admite que tem muito menino nas ruas centrais de Maceió e afirma que isto acontece, porque eles estão literalmente abandonados por falta de projetos sociais em seus municípios e no Estado. Humilhados “Em verdade, Alagoas hoje tem 105 municípios. Mas nenhum deles oferece a menor condição de apoio a garotada. Claro, sem ter uma opção de vida e muito menos o respeito da sociedade local, a turma foge para Maceió”, explica Walmar. Quando aqui chega, adianta ele, não encontra o devido apoio das autoridades e vai para as ruas iniciar uma vida bandida. São humilhados, surrados e chutados por uma sociedade que ainda não despertou para esta grave realidade. “Eu só posso responsabilizar o Estado e os municípios pela onda crescente de meninos de rua perambulando em Maceió. Não há projetos que possam tirar estes jovens das ruas, dando-lhe educação, moradia e comida”, reclama ele. Bandido Na opinião de Buarque, atualmente a maior concentração de meninos de rua é a Praça dos Martírios. Mas as praças Deodoro da Fonseca e Afrânio Jorge começam a receber esta turma por ter grande movimentação e espaço para se drogar e depois dormir sob sol e chuva. Ele, que há cerca de dez anos trabalha com meninos de rua, não tem dúvidas de que a sociedade ignora a problemática do menor de forma proposital, justamente por que utiliza o processo de discriminação. “Para muita gente, menino de rua é bandido. É assim que esta gente fala”, relata o coordenador do Catarse.

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