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Nº 5845
Cidades

Julgamento provoca tens�o em P�o de A��car

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Por | Edição do dia 27/08/2004 - Matéria atualizada em 27/08/2004 às 00h00

EDNELSON FEITOSA O promotor Max Martins de Oliveira e Silva advertiu, ontem, que não existe clima para realizar o julgamento de Antônio José dos Santos, o “Tonho da Barra”, em Pão de Açúcar, a 230 km de Maceió. Ele responde a processo na comarca local pela morte do comerciante Luiz Monteiro Torres, de família de influência econômica no Sertão de Alagoas. O representante do Ministério Público (MP) revelou que “Tonho da Barra” é um homem temido em Pão de Açúcar e em toda região, em virtude de seu histórico de vida, marcado por atos de violência, que começaram na década de 80, quando foi acusado de envolvimento na chamada “Chacina da Tapera”, que teve como vítimas um vereador e outras três pessoas. Segundo o promotor, os integrantes do conselho de jurados afirmam não querer participar da sessão do Tribunal do Júri que vai julgar Antônio José dos Santos, “uma pessoa que sempre foi protegida por políticos da região e gozou de regalias, inclusive de viver armado sem sofrer qualquer tipo de repressão por parte das autoridades policiais”. Julgamento isento O promotor Max Martins de Oliveira e Silva teme que caso o julgamento de “Tonho da Barra” venha a ocorrer em Pão de Açúcar, os jurados não tomem uma decisão isenta. “Gostaria de um julgamento onde as pessoas possam julgar sem constrangimento. Aqui na região, não existem condições para tanto em qualquer que seja a cidade”, afirmou. Outro fator que reforça a tese de que o acusado seja julgado em Maceió é o clima de tensão gerado pela família Monteiro, revoltada pela forma cruel e covarde como o assassinato de Luiz Monteiro foi praticado. A vítima foi cercada por três pessoas e assassinada a golpes de cacete, segundo os autos do processo pelo acusado e seus dois primos. “A família Monteiro é muito influente no Sertão do Estado. Só isso já era suficiente para que pedisse o desaforamento do processo para outra comarca”, disse o promotor Max Martins. Os juízes que trabalharam no processo sempre tiveram consciência dos riscos da simples presença de “Tonho da Barra” em Pão de Açúcar. Por isso, as audiências do processo tinham reforço policial. “O quarteirão do Fórum era cercado pela polícia e até o trabalho do Cartório Eleitoral era suspenso”, informou o representante do MP. O desembargador Orlando Manso foi designado relator do pedido de desaforamento (transferência para Maceió) do julgamento de “Tonho da Barra”. Ele vai analisar os motivos que levaram o promotor Max Martins a solicitar que o julgamento seja realizado em Maceió. O promotor deu entrada no pedido no dia 13 de agosto, afirmando que o assassinato do comerciante Luiz Antônio Monteiro Torres chocou toda a cidade de Pão de Açúcar. A vítima, segundo os autos do processo, foi morta a pauladas pelo acusado e dois de seus primos. “Tonho da Barra” está preso do presídio Baldomero Cavalcanti, desde fevereiro deste ano, quando foi capturado em Aracaju (SE), depois de passar dois anos foragido da Justiça alagoana. Ele começou a ser temido no Sertão ao participar - ele foi réu confesso - do crime que ficou conhecido como “Chacina da Tapera”. Além da morte de Luiz Monteiro, “Tonho da Barra” responde a outro processo, e também está sendo acusado de um duplo homicídio onde foram mortos dois irmãos, crime ocorrido em 1998, em Pão de Açúcar.

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