Uma Igreja Batista precisou ser realocada. O templo em Bebedouro, agora, funciona temporariamente na Avenida Rotary, no bairro Gruta de Lourdes. Já a Igreja Batista do Pinheiro, reconhecida como Patrimônio Material e Imaterial de Alagoas, resiste no bairro.
Com cultos realizados aos domingos, a igreja segue viva dentro do Pinheiro, que se tornou um bairro fantasma por causa da desocupação de imóveis provocada pelo processo de afundamento do solo na região.
“Mediante decisão, em assembleia, junto com toda a liderança, decidimos continuar nossas atividades no bairro. Não abrimos nenhum tipo de negociação com a mineradora Braskem, o que quer dizer que não temos a pretensão de sair do local onde estamos há décadas”, falou o pastor Wellington Santos.
Quanto à segurança do local, Wellington afirma: “A escolha de ficar no local já foi comunicada ao Ministério Público Federal (MPF), e a Defesa Civil Municipal esteve na nossa comunidade, no ano passado, e não encontrou nenhum comprometimento estrutural que relaciona o ‘crime’ da Braskem ao nosso espaço físico. Estamos seguros”.
Casas de religião de matrizes africanas também foram realocadas em Maceió. A Ialorixá Mãe Neide informou que tomou conhecimento da realocação do Terreiro de Mãe Bárbara, em Bebedouro, e do Terreiro do Ferramenta, no Pinheiro, mas, que há outros espaços que precisaram ser realocados devido ao problema no solo.
Mãe Neide ainda disse que a situação é triste, visto que esses locais carregam anos de celebrações e histórias.
CENTRO ESPÍRITA AFETADO
Segundo a Federação Espírita do Estado de Alagoas (FEEAL), dois prédios pertencentes ao Instituto de Estudos Espíritas Hérculano Pires, no Pinheiro, foram realocados. Agora, eles funcionam na Rua Aurélio Cavalcante, no bairro Gruta de Lourdes.
O coordenador administrativo do local, Estêvão Ferreira Rocha, informou que a realocação aconteceu entre os anos de 2019 e 2020, e que a Braskem já cumpriu com a indenização, “de maneira justa”.
“Em um dos prédios realocados, funcionava a parte de estudos e trabalhos espirituais do instituto, e, no outro, funcionava a parte de serviços sociais”, disse Estêvão.
Ainda segundo o administrador do local, a relocação teve um propósito e foi aceita, sem remorso, pelos membros. “Em mensagem do plano espiritual, nos foi revelado que os moradores do Pinheiro tinham um débito coletivo contraído em vidas passadas, e essa tragédia é uma maneira de resgate e a oportunidade de desapego aos bens materiais’’, falou.
Estevão ainda disse que as atividades no instituto vêm fluindo normalmente no novo endereço. No local, acontecem estudos, palestras, evangelização, distribuição de alimentos, dentre outras.
CASO PINHEIRO
O Caso Pinheiro engloba quatro bairros de Maceió, sendo eles: Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. A região foi afetada pela extração mineral de sal-gema (cloreto de sódio), causando instabilidade do solo, risco de subsidência e podendo atingir mais de 40 mil pessoas. Diante do cenário, os bairros afetados precisaram ser evacuados, com a mineradora responsável por indenizar as vítimas. O problema perdura desde o ano de 2018.