ESTUDO APONTA QUE POLUIÇÃO AFETA QUALIDADE DA ÁGUA EM ALAGOAS
Monitoramento é feito pela ONG Fundação SOS Mata Atlântica em diversos estados do Brasil
Por greyce bernardino | Edição do dia 23/03/2023 - Matéria atualizada em 23/03/2023 às 09h29
Um relatório do Observando Rios, da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica, divulgado nessa quarta-feira (22), Dia Mundial da Água, aponta que onze rios de seis cidades alagoanas estão com o resultado da água “regular”. As amostras foram coletadas em 2022. A classificação é feita a partir de dados que compõem o Índice de Qualidade da Água (IQA), e pode ser ótima, boa, regular, ruim ou péssima. O monitoramento é feito por voluntários de instituições ligadas ao meio ambiente em todo país, através do programa Observando os Rios, que começou em 2015. Os rios analisados estão localizados nas cidades de Coruripe, Japaratinga, Jequiá da Praia, Maceió, Maragogi e Penedo. Os rios com qualidade “regular” são: Rio Poxim (Coruripe); Rio Coruripe (Coruripe); Riacho Rio Adriana (Coruripe); Rio Salgado (Japaratinga); Rio Jequiá (Jequiá da Praia); Riacho Doce (Maceió); Rio Pratagy (Maceió); Rio Maragogi (Maragogi); Rio Persinunga (Maragogi) e Rio São Francisco (Penedo). No total, foram realizadas 990 análises em 160 pontos de coleta de 120 rios e corpos d’água, em 74 municípios de 16 estados da Mata Atlântica, por 116 grupos voluntários. Além disso, houve um incremento de 62% no total das coletas realizadas em 2021 (615 análises), aproximando os dados do período pré-pandemia de Covid-19 (2020). Mais de 75% dos pontos estão com a qualidade regular, segundo o estudo. “A qualidade regular da água obtida em 75% dos pontos monitorados demanda atenção especial dos gestores públicos e da sociedade. Indica também a condição frágil dos recursos hídricos, especialmente neste momento de emergência climática. As precárias condições de saneamento básico no país, em que menos da metade da população tem acesso a esse serviço, além da degradação dos solos e das matas nativas em suas bacias hidrográficas, são fatores importantes para esses números aferidos e aqui apresentados”, destaca o relatório.
BIOTA
Em Alagoas, o Rio Pratagy e Riacho Doce são monitorados pelo Instituto Biota de Conservação. A bióloga Silvanise Marques dos Santos, coordenadora de Educação Ambiental do Biota, informou à reportagem que a água desses rios para o abastecimento para consumo humano precisa de tratamento convencional/avançado. “É necessário, principalmente, um saneamento básico, uma vez que mais de 80% da população alagoana não desfruta desse serviço”, falou. O relatório, no entanto, destaca que o Brasil está muito distante das metas do objetivo de desenvolvimento sustentável e da universalização do saneamento básico. Também ressalta a distância da almejada e necessária oferta de água limpa para todos. “Isso gera impactos significativos na vida das pessoas, principalmente quanto aos problemas gerados na saúde pública e cenários de escassez e insegurança hídrica, em que as populações mais pobres sempre são as mais afetadas pelas deficiências de estrutura de atendimento ao fundamental: água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos e manejo de águas de chuva, os pilares do saneamento básico no Brasil", informa.
BRASIL
Segundo o relatório Observando Rios, 11 pontos (6,9%) estão com qualidade boa; 120 (75%) apresentaram qualidade da água regular; 26 (16,2%), ruim e três (1,9%), péssima. Não houve nenhum ponto com qualidade de água ótima. Portanto, pouco menos de 20% dos pontos de rios analisados não possuem condições para usos múltiplos da água, como utilização na agricultura, indústria, abastecimento humano, dessedentação de animais, lazer e esportes.