A comissão designada pela Polícia Militar de Alagoas (PMAL) para acompanhar a investigação das circunstâncias que levaram à morte do tenente Abraão da Silva Taveira, 39 anos, viaja na próxima quinta-feira (14) a Brasília O comandante-geral da corporação alagoana, coronel Paulo Amorim, cobra das autoridades do Distrito Federal (DF) apuração rigorosa para descobrir o que, de fato, aconteceu no treinamento militar.

“Não vou fazer juízo de valor antecipado, porque vamos apurar de forma rigorosa. Iremos a todas as instâncias lá em Brasília para acompanhar a investigação de perto. Precisamos saber o que ocorreu antes, durante e após a instrução que culminou na morte do nosso tenente Taveira”, disse Amorim, durante o velório, na noite desse domingo (10), na Academia de Polícia Militar (APM).

O grupo que vai a Brasília será composto pelo coronel Clayton, Corregedor da PM, tenente-coronel Lima Neto, sub corregedor da PM e tenente-coronel Henrique Jatobá, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e terá como objetivo acompanhar de perto a apuração do acidente. De acordo com o Comando da PMAL, a intenção é fazer uma investigação paralela.

“Este é um momento triste, lamentável e que nós não queríamos passar. Enviamos o nosso irmão vivo para a co-irmã Polícia Militar do Distrito Federal e queríamos que ele voltasse vivo. A família e toda a sociedade alagoana precisam saber, de fato, o que aconteceu naquele dia. No momento certo, com a medicina científica e o acompanhamento da comissão de Alagoas, em breve saberemos o que aconteceu”, frisou.

Segundo o coronel Paulo Amorim, tudo o que era possível foi feito para tentar salvar a vida do tenente Taveira, mas o quadro geral de saúde dele após o acidente era muito grave. Ele aproveitou a oportunidade para prestar solidariedade à família enlutada e prometeu apresentar os fatos que resultaram na tragédia.

FAMÍLIA  SUSPEITA DE EXCESSO E FALHAS NO SALVAMENTO

O advogado Napoleão Júnior, que representa a família do tenente disse que há suspeita de ter havido excesso nos procedimentos adotados na instrução e falhas no salvamento.

De acordo com o advogado contratado pelos familiares, a possibilidade de terem acontecido falhas na capacitação ficou evidenciada na contradição de versões apresentadas pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, responsável pelo treinamento.

Em entrevista à imprensa, Napoleão Júnior informou que vai pedir à Justiça que determine a reprodução simulada dos fatos. É uma tentativa da defesa da família de clarear alguns pontos com o objetivo de entender o que, de fato, aconteceu naquele dia.

Ele pensa, inicialmente, que o curso de adestramento de cães, ao qual Taveira estava sendo capacitado, não exigia um esforço físico demasiado. Além disso, busca saber se os instrutores estavam aptos ao pronto atendimento às prováveis ocorrências que surgirem. A informação recebida pela defesa é de que o militar foi encontrado desacordado por outro aluno.

O advogado ainda quer explicações sobre a suposta ausência de viatura de assistência médica na hora do curso.

SEPULTAMENTO

O tenente foi sepultado no final da manhã dessa segunda-feira (11), na cidade de Garanhuns, em Pernambuco. Em um clima de comoção, familiares, amigos, colegas de farda e autoridades se reuniram para o último momento de despedida do militar, que atuava no Bope. 

O velório e sepultamento ocorreram no Cemitério São Miguel, no bairro Boa Vista, em Garanhuns, terra natal do tenente da PM. No local, também foram prestadas outras homenagens ao militar.

Inicialmente, o corpo saiu de Brasília e seguiu para Maceió, traslado ocorrido via transporte aéreo. Já na capital alagoana, o corpo do Abraão foi retirado da aeronave do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal por militares do Bope e colocado em uma viatura do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL).

O corpo seguiu para a Academia da Polícia Militar, onde aconteceu uma homenagem ao tenente, com honras da Polícia Militar do Estado. Participaram também da homenagem o governador em exercício de Alagoas, Ronaldo Lessa; o secretário de Segurança Pública do Estado, Flávio Saraiva; e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Amorim.