A onda de calor que atinge Alagoas tende a aumentar ainda mais nos próximos dias, de acordo com a Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh). As máximas devem ficar na faixa dos 38° C no alto Sertão e 31º C no Litoral.
No último domingo (05) foi registrado 39,3°C no município de Pão de Açúcar, interior do estado.
Apesar de alta, esta não foi a maior temperatura registrada em Alagoas este ano. No mês de abril, também em Pão de Açúcar, a cidade registrou 39,7° C.
"Nos pontos monitorados, nos últimos 10 anos o maior registro foi de 42,8º C em Pão de Açúcar em janeiro de 2016", informa a Semarh.
Segundo o meteorologista Vínícius Pinho, Alagoas pode ter temperaturas mais altas do que as registradas neste ano até o momento. “Em função do período seco, que pode ser bem intenso”, explica.
O período seco, ainda de acordo com ele, se deve ao El Niño, que pode se manter intenso até meados de 2024, com pico neste final de ano.
Caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o El Niño acontece com frequência em períodos que variam entre dois e sete anos. Sua duração média é de doze meses, gerando um impacto direto no aumento da temperatura global.
O ANO MAIS QUENTE
Esta semana, cientistas do observatório europeu Copernicus anunciaram que este ano deve terminar como o mais quente dos últimos 125 mil anos. Os dados revelam que o mês de outubro foi o mais quente do mundo nesse período.
A maior marca de temperatura para o mês no planeta, de 2019, foi superada com folga, disse o Serviço de Mudanças Climáticas (C3S, na sigla em inglês) do Copernicus, observatório climático europeu.
“O recorde foi quebrado por 0,4°C, o que é uma margem enorme”, disse Samantha Burgess, diretora adjunta do C3S, descrevendo a anomalia de temperatura de outubro como “muito extrema”. Em 2023, a média para o período foi de 15,38°C na superfície do planeta.
Globalmente, a temperatura média do ar em outubro foi 1,7°C mais quente do que a média para o mês no período pré-industrial (1850-1900).
Até agora, o ano de 2023 teve outros quatro meses consecutivos que foram os mais quentes para o período e um julho que ficou marcado como o mês mais quente já registrado na história. O recorde anterior era de 2016 outro ano de El Niño.
Desde janeiro, a temperatura média do planeta é a mais quente já registrada para os primeiros dez meses do ano, ficando 1,43°C acima da média no período 1850-1900, segundo o Copernicus.
O conjunto de dados do Copernicus remonta a 1940. "Quando combinamos nossos dados com o IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas], então podemos dizer que este é o ano mais quente dos últimos 125 mil anos", afirmou Burgess.
Os dados de longo prazo do painel de ciência climática da ONU, o IPCC, incluem levantamentos de fontes como núcleos de gelo, anéis de árvores e depósitos de corais.
Só houve outra vez, antes de outubro, em que um mês ultrapassou o recorde de temperatura por uma margem tão grande, em setembro de 2023.
“Setembro realmente nos surpreendeu. Então, depois do mês passado, é difícil determinar se estamos em um novo estado climático. Mas agora os recordes continuam caindo e eles me surpreendem menos do que há um mês”, disse Burgess. As informações são da Folhapress.
* Sob supervisão da editoria de Cidades.