Sider�rgicas desmatam 35 mil hectares por ano
ROBERTO VILANOVA Petrolina (PE) O navio de lenha não sobe mais o São Francisco na direção da cidade mineira de Pirapora, mas o estrago na flora da bacia do rio continua na velocidade de 35 mil hectares desmatados por ano, para alimentar os fornos da
Por | Edição do dia 05/05/2002 - Matéria atualizada em 05/05/2002 às 00h00
ROBERTO VILANOVA Petrolina (PE) O navio de lenha não sobe mais o São Francisco na direção da cidade mineira de Pirapora, mas o estrago na flora da bacia do rio continua na velocidade de 35 mil hectares desmatados por ano, para alimentar os fornos das siderúrgicas. Os números são compensados com a expansão da área reflorestada com eucalipto, mas preocupam porque a biodiversidade do São Francisco foi alterada; além disso, há quem condene a opção pelo eucalipto. O eucalipto não é nativo, retira muita água do solo e não ajuda a combater o assoreamento, observou o agrônomo Fernando Bezerra, responsável por um dos projetos para produção de uva irrigada pertencente ao Grupo Silvio Santos. Ele teme as conseqüências do desmatamento, mostrando que dos 600 mil hectares irrigados no semi-árido do São Francisco, 30% apresentaram problemas de compactação e salinização do solo, o que inviabiliza os projetos agroindustriais. Os maiores estragos foram registrados na região de Casa Nova, município baiano, e Petrolândia, em Pernambuco. Ferro-gusa A situação já foi pior, na década de 1940, quando a flora do São Francisco fornecia lenha às fornalhas das siderúrgicas, às caldeiras das locomotivas maria-fumaça e navios, e às cozinhas residenciais todos dependiam da mata. Até meados da década de 1960 o consumo de lenha implicava no desmatamento de 150 mil hectares de matas por ano. O número caiu, mas o agrônomo pernambucano Fernando Bezerra garante que a queda se deve à retração da oferta não há mais mata para devastar. O reflorestamento também contribuiu, mas o agrônomo diz que com o mínimo. Ele é contra o reflorestamento com eucalipto e garante que não contribui para a preservação da biodiversidade do São Francisco pelo contrário, consome muita água.