app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5810
Cidades

Tratamento assistido por animais ajuda crianças com autismo

Projeto conta com a participação voluntária de tutores

Por Greyce Bernardino | Edição do dia 06/07/2024 - Matéria atualizada em 06/07/2024 às 04h00

Cães são conhecidos como os melhores amigos do homem e um projeto de terapia assistida está destacando os benefícios que esses animais podem trazer aos seres humanos, especialmente ajudando crianças e adolescentes com deficiência físico-motora e transtorno do espectro autista (TEA), sendo esse o foco principal. A iniciativa não governamental, que atua em Maceió, conta com a participação voluntária de tutores que disponibilizam seus cães para colaborar no trabalho terapêutico.

O “Focinhos Terapeutas” é um programa de extensão do Centro Universitário Cesmac, que completa 13 anos este ano e é coordenado pela docente do curso de Educação Física, a sérvia Maja Kraguljac. Todas as atividades ocorrem às terças-feiras, das 13h às 14h30, no Campus IV do Cesmac, no bairro do Farol. A equipe é composta por voluntários e estagiários desse e de outros cursos.

Maja explica que a intervenção assistida por animais é uma prática com mais de 50 anos de história, com registros de cerca de 20 anos no Brasil, onde se tornou bem orientada e organizada. Apesar de não haver uma graduação ou pós-graduação específica para essa área no Brasil e no mundo, ela tem ganhado reconhecimento e desenvolvimento. A professora também explica que este ano está ocorrendo uma mudança de nomenclatura para melhor organizar e padronizar a área, destacando a importância do treinamento adequado para que os serviços assistidos por animais sejam eficazes. “A mudança de ‘Intervenções’ para ‘Serviços Assistidos por Animais’ reflete a diversidade do que é oferecido”, conforme explica.

No “Focinhos Terapeutas”, o trabalho envolve psicomotricidade, adaptando os movimentos corporais com um circuito montado para a participação de pacientes e animais. Para ingressar no projeto, é necessário se inscrever e, segundo Maja, há uma fila de espera devido à grande demanda. Os pacientes normalmente já têm um tratamento contínuo e se tornam adeptos da assistência por meio de animais para melhorar ainda mais a saúde.

“As crianças e adolescentes participam das sessões acompanhadas por pais, avós ou responsáveis. É obrigatório que haja um adulto acompanhante. Essas pessoas não permanecem na sessão com as crianças para que elas possam se concentrar na terapia. Além disso, oferecemos atendimento específico para os familiares. Enquanto as crianças recebem o tratamento, os familiares participam de atividades em grupo, como físicas, gincanas e rodas de conversa”, explica Maja.

“Temos uma área grande lá e os atendimentos são para crianças e adolescentes autistas, mas também aceitamos com TDAH, dislexia, síndrome de Down, então não é exclusivo para autistas, mas é o público que mais nos procura. Além disso, temos outras ações mais esporádicas dentro de hospitais e instituições de longa permanência de idosos”, completa.

Atualmente, o projeto atende a 40 famílias. Maja também destaca que, como o trabalho não recebe apoio financeiro externo e são gastos da própria equipe, os recursos são limitados, o que impede um aumento no número de atendidos.

No projeto, apenas cães participam e a inclusão de animais selvagens não é recomendada. Para fazer parte da iniciativa, é necessário passar por procedimentos veterinários para garantir a saúde do animal. Maja comenta que está considerando a inclusão de gatos ou qualquer outro animal de estimação, “porém, é necessário avaliar se esses animais estão ou não estressados e se podem ser seguros tanto para eles quanto para nossos atendidos”, ressalta.

Porém, encontrar tutores que entreguem seus cães de forma espontânea para o trabalho terapêutico não é fácil, o que gera desafios ao projeto, já que a equipe não pode arcar com os custos de buscar os pets. “Geralmente são pessoas de bom coração que conseguem compreender o quão bonita pode ser essa interação do cão com a pessoa e o vínculo que eles podem formar. Mas é uma luta diária conseguir cães que participem conosco. Porque geralmente, pelo menos para iniciar os trabalhos, precisamos que o tutor vá junto com o animal. O animal precisa compreender o que está acontecendo e estar em um ambiente divertido para ele. Então, a primeira preocupação é sempre o seu bem-estar”, diz Maja.

A docente destaca ainda que é possível entrar em contato com ela através de seu contato pessoal ou pelo Instagram do projeto, o @focinhosterapeutas. Segundo Maja, os voluntários também realizam visitas a lares de idosos, pessoas em tratamento de câncer, orfanatos, ou seja, ações esporádicas. Ao longo desta década, o projeto já atendeu a cerca de 6 mil pacientes.

Mais matérias
desta edição