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BIODIVERSIDADE AMEAÇADA

Corais em colapso: aquecimento das águas provoca destruição de recifes no Litoral de Alagoas

Algumas espécies sofreram perdas ainda maiores, chegando a 90%

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Imagem ilustrativa da imagem Corais em colapso: aquecimento das águas provoca destruição de recifes no Litoral de Alagoas
| Foto: Cláudio Sampaio/UFAL

O ano de 2024 registrou o maior branqueamento de corais já documentado no litoral de Alagoas, com o aquecimento da água do mar atingindo níveis recordes. A situação se estende até o litoral de Pernambuco e Rio Grande do Norte, impactando negativamente diversas espécies de corais.

O fenômeno, causado pelo aumento da temperatura da água, faz com que os corais percam as microalgas que os fornecem nutrientes e os protegem, deixando-os vulneráveis a doenças e à morte. Pesquisadores do Projeto Conservação Recifal e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) estimam que a mortalidade de corais na região varie entre 50% e 80%, dependendo da espécie e da área afetada.

Algumas espécies, como o coral de fogo (Millepora alcicornis), o coral vela (Mussismilia hartii) e o coral de fogo enrugado (Millepora braziliensis), sofreram perdas ainda maiores, chegando a 90%.

“O coral vela, também exclusivo do litoral do Nordeste, é considerado uma espécie importante na construção dos recifes, no caso do coral de fogo enrugado, que só existe do litoral potiguar até o sul de Alagoas é, também, considerada importante, embora em menor escala, na consolidação dos recifes do Nordeste do Brasil. Então esses declínios acentuados de corais que só existem aqui no Nordeste é muito preocupante”, explica o professor da Ufal Penedo Cláudio Sampaio.

A morte dos corais causa diversos impactos negativos para o meio ambiente e para a sociedade. Os recifes de coral são importantes para a proteção da costa contra a erosão, para a manutenção da biodiversidade marinha, que pode ser traduzida como produção de alimentos (pescado) e remédios, além para a segurança alimentar e economia local, que depende da pesca e do turismo.

O aquecimento das águas desencadeia o fenômeno de branqueamento dos corais, que, fragilizados devido à ausência das microalgas que fazem fotossíntese, são mais suscetíveis a doenças e a mortalidade. Quando branqueados, os corais são mais sensíveis a doenças e a poluição das águas.

“Quando o coral fica branco, se o ambiente estiver saudável, equilibrado, é quase certo que ele recupere as microalgas e volte ao normal, a ficar colorido e saudável. Por outro lado, quando o ambiente está estressado, poluído, os corais não resistem e morrem. Como os ambientes marinhos estão muitas vezes impactados pelo esgoto doméstico, as algas crescem rapidamente sobre os esqueletos dos corais mortos e como há muita pesca de espécies de peixes herbívoras, como os budiões, rapidamente o recife deixa de ser um local adequado para polvos, lagostas e outros peixes, impactando não apenas o turismo, mas a pesca também”, diz Sampaio.

Para tentar reverter a situação, pesquisadores e órgãos ambientais têm trabalhado em diversas frentes, como a restauração de áreas degradadas, o monitoramento contínuo dos recifes, o mapeamento de novas áreas e o uso de tecnologias inovadoras, como probióticos.

“Essa mortalidade foi mundial, não somente no Brasil. Essa foi a maior eventualidade de branqueamento já registrada. Tem uma questão social, ambiental, econômica, que precisa ser levada em conta”, afirma Pedro Pereira, do Projeto Conservação Recifal.

O Governo de Alagoas lançou, no fim do ano passado, um projeto de monitoramento e restauração dos corais, que entre outras ações, prevê o resgate de colônias quebradas de corais em áreas degradadas, a criação de berçários com sementeiras e o replantio de mais de 500 colônias em áreas selecionadas. Isso tudo com capacitação de mergulhadores, operadoras e guias turísticos, construindo novas alternativas para um turismo de experiências únicas, repletas de informações, belezas e cidadania.

Os especialistas salientam que a população também pode ajudar, evitando o uso de protetor solar e óleos em piscinas naturais, não pisando nos corais, não comprando artesanato feito de organismos recifais, reduzindo o consumo de plásticos descartáveis e apoiando iniciativas de pesquisa e do turismo sustentável.

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