Namorado de Roberta Dias confessa crime e inocenta réus: 'mãe e amigo não sabiam'

O namorado de Roberta Dias, Saullo de Thasso Araújo Santos, prestou depoimento ontem como testemunha no julgamento de dois acusados pelo assassinato da jovem, ocorrido há 13 anos em Penedo. Ele confessou ter planejado o homicídio e isentou sua mãe, Mary Jane Araújo Santos, e o amigo Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho”, que estão no banco dos réus.

A vítima, de 18 anos, estava grávida de três meses quando foi asfixiada com um fio de som automotivo. A motivação do ato seria a recusa da jovem em interromper a gravidez.

O júri popular teve início na quarta-feira (23), no Fórum da Comarca de Penedo, sob a presidência do juiz Lucas Dória. Mary Jane e Karlo Bruno respondem por homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima –, além de ocultação de cadáver e aborto provocado por terceiro. A mulher também é acusada de corrupção de menor, já que seu filho era adolescente à época.

Segundo o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), no depoimento, que durou cerca de duas horas, Saullo afirmou que os réus não sabiam que ele executaria o assassinato, sendo apenas coniventes. Para o órgão, a confissão foi “conveniente e estratégica para a defesa de Mary Jane".

Saullo e Karlo Bruno são apontados como executores do homicídio, enquanto Mary Jane teria planejado e financiado a ação. Ela chegou a ser presa por 61 dias em 2013, mas não foi formalmente acusada até este julgamento. Em 2018, um laudo pericial da Polícia Federal confirmou a autenticidade de um áudio em que o acusado de executar o crime admite envolvimento no caso, alegando ter agido a mando do amigo.

No depoimento, Saullo reiterou que Karlo só tomou conhecimento do plano no momento de buscar Roberta, e que sua mãe não teve qualquer participação.

Durante dois dias, foram ouvidas testemunhas de acusação e defesa, além dos réus. A previsão é que o júri se encerre hoje, com réplica e tréplica, que podem durar até quatro horas. Em seguida, os jurados se reunirão em sala secreta para deliberar, antes da leitura da sentença.