Morte de idosos em Alagoas preocupa OAB

O aumento do número de idosos assassinados em Alagoas é motivo de preocupação da Comissão Especial da Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL), que reuniu informações sobre os crimes e entregou relatório ao Ministério Público Estadual. Foram 35 vítimas no ano passado, cinco a mais do que em 2023.

A entrega da relação com os nomes das vítimas tem como finalidade saber informações sobre o andamento dos inquéritos policiais. Marta Marisa, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa, destacou que os números são necessários e fundamentais e que são escassas as ações direcionadas à violência contra esse público.

“Faltam políticas públicas, falta engajamento da sociedade nesse sentido e descobrirmos as causas desse problema, porque enquanto a gente não tiver um diagnóstico dessa causa, a gente não pode ter ação efetiva para diminuição. O que está sendo feito para diminuir ou acabar esse problema?”, questiona a presidente da entidade.

A violência contra a pessoa idosa ocorre muitas vezes de forma silenciosa, quase sempre dentro da família, que deveria proteger. Por vergonha, muitas vítimas preferem esconder o autor do crime, às vezes, um filho, um genro, um sobrinho.

“Nós temos um regimento e uma lei que dizem que todas as questões relacionadas a pessoa idosa devem passar pelo Conselho e isso pouco acontece. Mas avançamos, sim. Este ano conseguimos o fundo da pessoa idosa e estamos esperançosos que alguma coisa venha a acontecer para a política de proteção ao idoso”, analisa Marta Marisa.

Gilberto Irineu, presidente da Comissão Especial da Pessoa Idosa da OAB/AL, lembra que os números sobre o ano de 2024 revelam aumento da violência contra idosos.

“Aumentou em relação aos anos anteriores. Foram 35 assassinatos em 2024; em 2023 foram 31 e no anterior 30. Das 35 vítimas foram 33 homens assassinados no Estado de Alagoas. Hoje temos uma população idosa de quase meio milhão e a maioria em estado de vulnerabilidade”, lamenta Irineu.

Na avaliação do presidente da Comissão, é preciso implementar políticas públicas, em especial em localidade longe dos centros urbanos, porque a maioria desses crimes acontece no interior do estado, em invasões de residências, por exemplo. "O Estado como todo deve estar presente através de políticas públicas para toda essa população”, complementa Gilberto Irineu.

Do total de 35 idosos assassinados no ano passado, 17 homicídios foram praticados com arma de fogo, nove com arma branca e instrumentos contundentes, cinco deles a causa não foi identificada, outros dois por espancamento, um por asfixia e um por maus-tratos.