Confira os destaques da política nacional #CH20122024
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Por Claudio Humberto | Edição do dia 20/12/2024 - Matéria atualizada em 20/12/2024 às 04h00
PODER SEM PUDOR: ENTIDADES DO PAU OCO
Certa vez, o procurador Marcelo Pastana viveu uma experiência inusitada ao mobilizar a Polícia Federal na apreensão de dinheiro para compra de votos em Macapá (AP), na véspera da eleição. O santuário da grana era um terreiro que funcionava em uma casa vistosa. Os pais-de-santo tentaram impedir a busca, alegando proibição das “entidades”, enquanto lá dentro queimavam as cédulas. Mas Pastana ainda apreendeu sacos de dinheiro no telhado. Todos em cana, uma “entidade” exigiu cachaça, mas o procurador negou, lembrando a “lei seca”, pois era véspera da eleição. Um homem “incorporando” uma mulher xingou Pastana, que, na dúvida sobre a quem autuar por desacato, preferiu ignorar a agressão. E cair na gargalhada, certamente.
FAKE NEWS AO QUADRADO: MEME NÃO AFETA O DÓLAR
A posição do governo Lula (PT) é vexatória: “fake news” fizeram o dólar disparar. Até ministros, em tese menos despreparados, alegam que falas falsas do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, “iludiram” analistas do mercado e fizeram a moeda subir. Nada a ver com os erros grotescos do governo, sua falta de compromisso com o equilíbrio fiscal e nem com o pacote frustrante de Haddad. Para conter o dólar, o governo torrou US$ 20,7 bilhões das reservas em apenas uma semana.
HIPÉRBOLE
Vanessa Becker, sócia da Alpes Investimentos, chama de “grande exagero” a suposta responsabilidade das fake news na alta do dólar.
NOMES AOS BOIS
Becker aponta fatores reais para a alta do dólar: descontrole nas contas públicas, cenário de desequilíbrio e dificuldade do governo com o pacote fiscal.
NADA DE FAKE
“A alta do dólar está correlacionada com a incerteza do pacote de corte”, explica o economista Ian Lopes, assessor de investimentos da Valor.
E O MEME?
“Falta direcionamento claro das políticas fiscais (...), gerando incerteza nos mercados, pressionando o dólar”, são outros fatores, diz Ian Lopes.
CASO MASTERCARD FRUSTRA AÇÃO DE MARIANA EM LONDRES
O resultado de ação coletiva contra a Mastercard foi um balde de água fria para advogados ingleses que tentaram faturar no desastre de Mariana (MG), insistindo que as vítimas dispensem a indenização no Brasil de R$ 132 bilhões, de olho em recompensa “bilionária” em Londres. A ação coletiva de 46 milhões de clientes, que reclamavam de cobranças indevidas pela Mastercard, resultou em um acordo de £ 200 milhões, fração mínima dos £ 14 bilhões aspirados, indicativo de como o tribunal inglês trata ações assim.
DEMISSÕES
A notícia é ruim para o escritório de advocacia inglês Pogust Goodhead (PG), que não passa exatamente por boa fase, e até promoveu demissões.
OLHO DA RUA
Desde o acordo entre BHP, Vale e Samarco e autoridades brasileiras, o PG já demitiu 20% de sua equipe e perdeu o fundador Harris Pogust.
ABANDONO
Para piorar, vários municípios, entre os quais Conceição da Barra, Córrego Novo, São Mateus e Sobrália, abandonaram a ação coletiva.
TRIBUNAL DA CENSURA
“O STF quer, na prática, censurar as redes sociais”, diz o deputado Osmar Terra (MDB-RS). “Em nome de quem e de que verdade querem fazer isso? O STF não foi eleito e deve tratar de questões técnicas.”
FREEDOM, BYE BYE
Nos EUA, onde ninguém ousa relativizar as liberdades, a cada decisão do STF deletando a “Constituição cidadã” de Ulysses Guimarães, cresce a certeza de que, no Brasil, está em curso um processo autoritário.
NÃO NOS FAÇAM RIR
Para Roberto Dumas, professor de Economia Internacional do Insper, é “absurdo” culpar as fake news pela alta do dólar. “O que está acontecendo é que o risco fiscal está aumentando”, explica. O motivo é claro: “o governo não está querendo cortar os gastos públicos.”
QUEIMANDO DÓLARES
Sob controle da turma de Lula, o BC torrou US$ 20,7 (R$ 127) bilhões em 5 dias para tentar conter a alta do dólar. Torrou US$ 8 bilhões ontem pela manhã para nada: fechou em R$ 6,15, apenas 11 centavos menos.
ATÉ O PT
Dos partidos com ministérios, só três deram 100% dos votos pela aprovação do pacote de Fernando Haddad na Câmara: PCdoB, PSB e Rede. Até no PT houve quem (3 votos) tenha votado contra o “Malddad”.
HORA EXTRA
É grande a revolta no Congresso. Servidores se queixam da promessa de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) de sessões até no domingo. Servidores dizem que pagam o pato pela rotina folgada de suas excelências.
MELLO VIAJOU
Chamou atenção na diplomação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), não só a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas a ausência do vice de Nunes, Mello Araújo (PL). E pegou mal.
O MARTÍRIO CONTINUA
O País teme novas barbaridades em eventual pronunciamento de Lula, hoje (20), caso se confirme sua confraternização com ministros, gerando ainda mais incertezas e fazendo a alegria de quem já dolarizou o dinheiro.