Artigo
... JESUS CAMINHA PARA O CALVÁRIO ...
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Meditemos um pouco o quarto mistério doloroso. Comecemos com algumas curiosidades. Em primeiro lugar, vem a pergunta: qual foi a distância percorrida por Jesus com a cruz? Provavelmente menos de um quilômetro, cerca de uns seiscentos metros. Em segundo lugar: qual foi o tipo de cruz na qual foi crucificado Jesus? Os romanos crucificavam de várias maneiras, até mesmo em uma árvore. As cruzes tinham vários formatos. Tudo indica que a cruz de Jesus foi a de formato latino.
Qual foi o peso da cruz de Jesus? Os condenados à crucificação comumente carregavam sua cruz, ou, então, a parte horizontal, que se chamava patíbulo. Este tinha mais ou menos uns vinte e dois quilos. Quando o condenado tinha de carregar a cruz inteira, o peso subia para mais do dobro, portanto muito acima de vinte quilos.
Durante a subida do Calvário, uma certa mulher aproximou-se dele e lhe enxugou o rosto ensanguentado. Este fato não está relatado nos Evangelhos, mas é uma tradição que vem de um livro apócrifo chamado “Atos de Pilatos”. A Igreja católica aceita esse fato apenas como algo relatado pela tradição e, portanto, não como algo de fé, algo revelado.
Nos Evangelhos (Mt 27,32; Mc 15,2; Lc 23,26; Jo 19,17), conta-se que certo homem chamado Simão, da cidade de Cerene, levou também a cruz de Jesus. Deste fato há duas observações a serem feitas. A primeira é que alguém, erroneamente, afirmou que Jesus não carregou nenhuma cruz, mas foi Simão quem o fez. Ora, toda a tradição sempre afirmou que Jesus carregou, sim, a cruz até o Calvário. Ademais, são João, no seu evangelho, escreveu claramente: “carregando (bastátzôn) a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em hebraico: Gólgota)” (Jo 19,17).
Portanto, não há nenhuma razão para negar que Jesus tenha carregado a sua cruz. Não sabemos, porém, se foi toda a cruz, isto é, a parte vertical e a parte horizontal, ou se foi apenas o chamado patíbulo.
Sabemos, outrossim, que Jesus foi ajudado por Simão de Ceresne, devido a seu estado físico deplorável por causa dos maus-tratos da flagelação, da coroação de espinhos, pancadas e bofetadas.
A este propósito devemos observar que, a narração de Marcos dá a entender que Simão foi obrigado a ajudar Jesus, enquanto que Lucas diz que Simão foi escolhido (epilambanein) para levar a cruz atrás de Jesus (Lc 23,26).