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Nº 5868
Economia Rendimento médio mensal do alagoano ficou à frente apenas do estado do Maranhão

Alagoas tem o segundo pior rendimento médio do País

Em 2018, rendimento médio mensal domiciliar per capita do alagoano foi de R$ 708, informa o IBGE

Por Carlos Nealdo* | Edição do dia 17/10/2019 - Matéria atualizada em 17/10/2019 às 06h01

Alagoas registrou o segundo pior rendimento médio mensal do País no ano passado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua divulgada nesta quarta-feira, 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, em 2018 o rendimento médio mensal domiciliar per capita no Estado foi de R$ 708, valor que só ficou à frente do Maranhão, cujo rendimento médio foi de R$ 607, o pior do País. Segundo o IBGE, o rendimento médio alagoanos - que não avançou na passagem de 2017 para 2018 - é quase a metade da média nacional de R$ 1.337. O órgão informa que o levantamento leva em consideração tanto os rendimentos provenientes de atividades laborais como os de outras fontes, como aposentadorias, pensões e bolsas. A pesquisa revela ainda que no ano passado Alagoas foi o estado com o maior percentual de domicílios que receberam recursos de Benefício de Prestação Continuada (BCP), com 6,9% - índice que é mais que o dobro da média nacional de 3,1%. Em contrapartida, o Estado registrou queda no percentual de domicílios que receberam recursos do Bolsa Família nos últimos três anos. De acordo com o levantamento do IBGE, o índice caiu de 27,5% em 2017, para 25,1% em 2018 - um recuo de 2,4 pontos percentuais. Atualmente, Alagoas ocupa a 11ª posição entre os entes da Federação que mais utilizam recursos do programa do governo federal. Em todo o País, segundo o IBGE, a faixa de 1% dos brasileiros mais ricos teve aumento real de 8,4% no rendimento médio mensal em 2018. No mesmo período, os 5% mais pobres tiveram queda nos rendimentos de 3,2%. Enquanto a média mensal dos mais ricos ficou em R$ 27 mil 744, os mais pobres ganharam R$ 153. Se o grupo for ampliado para os 30% mais pobres, em todos houve perdas. Além da queda de 3,2% nos 5% mais pobres, o grupo de 5% até 10% caiu 1,4%. As perdas para o grupo entre 10% e 20% foram de 1,5%. A faixa entre 20% e 30% registrou perda de 0,8%. “Aqueles 30% que recebiam os menores rendimentos, todas as classes tiveram redução em relação a 2017 nesse rendimento médio, todo mundo perdeu um pouco, disse a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira. Ela informou que parte desses resultados é consequência da redução de empregos na indústria e na construção civil. A analista da Coordenadoria de Trabalho e Rendimento (Coren) do IBGE, Adriana Araújo Beringuy, afirmou que também houve impacto de pessoal empregado nas áreas de informação, telecomunicação, serviços financeiros e administrativos. “É um grupamento grande e que historicamente sempre empregou com carteira de trabalho assinada. Essa atividade perdeu bastante população ocupada e na medida em que contratava, era mais sem carteira e por conta própria. Até os setores mais formalizados começaram a absorver trabalhadores com menores rendimentos”. Adriana Beringuy destacou o grupamento de transportes, armazenagem e correios, onde está incluída a participação de motoristas de aplicativos e o setor de alimentação, mais voltado para a informalidade, com os vendedores de quentinhas. “Há uma recuperação da ocupação com mais pessoas trabalhando, de fato a população ocupada aumenta, só que a expansão vem por meio de atividades que apresentam rendimentos menores”, completou. “Continuaram no mercado de trabalho os que estavam recebendo mais. Quem ficava no meio foi mandado embora e recontratado sem carteira e com trabalho informal e rendimentos menores”, concluiu Maria Lúcia.

ÍNDICE DE GINI

A desigualdade fica evidente também no Índice de Gini de rendimento médio mensal de todos os trabalhos, que mede a concentração de uma distribuição e que varia de zero (perfeita igualdade) a 1 (desigualdade máxima). Em 2018, ficou em 0,509, enquanto no ano anterior tinha sido de 0,501. Segundo a pesquisa, entre 2012 e 2015 houve uma tendência de redução do indicador, passando de 0,508 para 0,494. Mas a partir de 2016, o Gini voltou a aumentar para 0,501, patamar que se manteve em 2017. Nesse caso, a desigualdade pode piorar porque quem recebia menos passou a receber menos ainda. Adriana Beringuy disse que entre 2012 e 2015, o Brasil registrou aumento na renda do trabalho, além de taxa de desocupação baixa. “Foi a época em que se falava que empregada doméstica estava ficando inviável, porque o salário estava alto. O pessoal de serviços mais básicos e comércio também estava ganhando muito. Teve um "boom" de carteira de trabalho assinada, então, e desconcentrou um pouco da renda desse período, por meio do mercado de trabalho. A partir de 2016, já aparece um cenário diferente”.

COMPOSIÇÃO

A pesquisa mostrou ainda que a participação na composição do rendimento médio mensal real domiciliar per capita, segundo o tipo de rendimento relacionado a todos os trabalhos, que é o habitualmente recebido pelas pessoas de 14 anos ou mais, representava 73,9 % em 2012 e caiu para 72,4% em 2018. Com relação a aposentadorias. subiram de 18,1% para 20,5%. Aumentou também no rendimento obtido com aluguel e arrendamento, de 2,4% para 2,5%. Com pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador, o índice se manteve em 1,2%. Houve queda também, de 4,4% para 3,3%, em outros tipos de rendimentos, entre eles as aplicações financeiras, as bolsas de estudo, os direitos autorais e a exploração de patentes.

* Com informações da Agência Brasil

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