app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5868
Economia Até o final do ano passado, a construção do canal empregava mais de mil operários

Ex-governadores criaram condições para obra não parar

Ninguém admitia a paralisação do projeto que promete acabar com a indústria da seca e promover o desenvolvimento sustentável

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 26/10/2019 - Matéria atualizada em 28/10/2019 às 14h54

/Até o final do ano passado, a construção do canal empregava mais de mil operários

Senador Rui Palmeira – O Canal do Sertão começou a ser construído em 1990, na gestão do então governador Geraldo Bulhões (1991/1995). Passou por momentos críticos nos governos de Divaldo Suruagy (1995/97), de Manoel Gomes de Barros (1997/99), Ronaldo Lessa (1999/2006) e de Teotônio Vilela Filho (2007/2015). As bancadas federais por Alagoas garantiram a continuação da obra. Ninguém admitia a paralisação do projeto que promete acabar com a indústria da seca e promover o desenvolvimento sustentável do semiárido alagoano. Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef estiveram no Sertão e acompanharam o andamento das obras. Por conta dos prestígios dos ex-governadores, os ex-presidentes não deixaram a obra parar. Recentemente, o governo federal prometeu manter o projeto em andamento, mas ficou tudo na promessa. O fraco relacionamento da gestão atual do Executivo junto ao Ministério do Desenvolvimento Regional e ao próprio governo de Jair Bolsonaro (PSL/RJ) coloca todo o projeto em risco. Tanto é que a obra parou, apesar de a empresa e o governador Renan Filho (MDB) negarem que a construção paralisaria por falta de recursos. Até o final do ano passado, a construção empregava mais de mil operários. Com os atrasos nos pagamentos dos trechos executados, a Odebrecht iniciou um processo de adequação que resultou em mais de 800 demissões. Os últimos 130 desligamentos ocorreram no final de agosto passado.

TRECHO TRÊS

O governo Teotônio Vilela Filho construiu até o trecho três, cerca de 90 quilômetros. O trecho quatro, entre os municípios de Senador Rui Palmeira e São José da Tapera, prevê a construção de mais de 32 quilômetros. O Canal do Sertão tem prontos 110 quilômetros com água do rio São Francisco. O projeto original prevê a construção de 250 quilômetros de canal que passa serpenteando pelas regiões do semiárido até chegar ao município de Arapiraca. A captação de água do “Velho Chico” acontece no vale do Moxotó, no município de Delmiro Gouveia, perto da divisa com o município de Paulo Afonso, na Bahia. Apesar dos 110 quilômetros com água, o governo estadual ainda não executou nenhum projeto hídrico relevante para abastecimento humano, animais e para agricultura familiar como sempre promete.

ROUBO

A construção do canal até agora já consumiu R$ 2,5 bilhões. Como não existe fiscalização, a água do canal é roubada de várias formas. O jornalismo da Gazeta constatou que mais de 100 caminhões pipas retiram a água clandestinamente em vários pontos e revendem nos sítios, povoados e áreas urbanas de 30 municípios, a preços que pode passar de R$ 300 em dias muito quentes. Não foi difícil constatar a irregularidade.

Mais matérias
desta edição