Estudo divulgado nesta quinta-feira, 31, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revela que 68.658 alunos de escolas públicas municipais e estaduais alagoanas foram reprovados ou abandonaram os estudos em 2018. De acordo com o levantamento - que tomou como base o censo escolar do ano passado, disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) -, a taxa de abandono atingiu 4,9% do total de matrículas, o que representa 23.719 estudantes fora da sala de aula.
Do total de alunos que abandonaram os estudos no ano passado, 11.578 deles faziam parte da rede estadual de ensino. Nesse quesito, 9.120 estudantes faziam ensino médio, 2.283 estavam nos anos finais do ensino fundamental e apenas 175 estava nos anos iniciais do ensino fundamental.Na rede municipal, 12.141 estudantes abandonaram os estudos em 2018, sendo que 8,4 mil deles estavam nos anos finais do ensino fundamental.
Segundo o levantamento, feito em parceria com o Instituto Claro, do total de alunos que abandonaram os estudos no ano passado, 12.768 eram do sexo masculino, enquanto 10.951 eram do sexo feminino. A maioria dos alunos que abandonaram a sala de aula estudava na área urbana. Apenas 3.450 deles residia na área rural.
A pesquisa do Unicef mostra ainda que dos 44.939 alunos que foram reprovados no ano passado, 31.867 pertenciam à rede municipal de ensino. O levantamento mostra também que a reprovação atingiu mais homens (29.429) que mulheres (15.510). A maioria dos reprovados - 34.619 - residia na área urbana.
Distorção
De acordo com o levantamento, 153.952 alunos de escolas públicas municipais e estaduais alagoanas tinham dois ou mais anos de atraso escolar - a chamada distorção idade-série. Somente nos anos finais do ensino fundamental, 55.874 anos estavam com atraso escolar. No ensino médio, esse número era de 37.627.
Em todo o País, segundo o levantamento, 3,5 milhões de estudantes de escolas públicas municipais e estaduais foram reprovados ou abandonaram a escola em 2018. Apenas no ano passado, escolas estaduais e municipais do Brasil reprovaram mais de 2,6 milhões de estudantes.
Para o chefe de Educação do Unicef, Ítalo Dutra, a cultura do fracasso escolar ainda é realidade no Brasil, gerando altas taxas de reprovação, distorção idade-série e abandono escolar. “Os dados apontam que meninos têm uma probabilidade 64% maior de repetir de ano do que meninas, e a taxa de reprovação entre os meninos é 71% maior que das meninas. A taxa também chega quase a dobrar nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), mas foi o ensino médio que se destacou como a etapa que mais reprova no País”, revela.
No total, mais de 912 mil estudantes deixaram as escolas em 2018. O ensino médio é a etapa que mais perde estudantes, tendo 461.763 abandonado a escola em 2018, a maioria ainda no primeiro ano. No geral, as regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas pelo atraso e o abandono. Olhando para grupos específicos, observa-se que as populações de pretos e pardos têm taxas de abandono que chegam a ser mais que o dobro que a de brancos.
Mais de 453 mil pretos e pardos abandonaram escolas estaduais e municipais em todo o País em 2018, enquanto esse número foi de pouco mais de 181 mil para estudantes brancos. O número de reprovados pretos e pardos também é duas vezes maior que o de brancos, somando, em 2018, mais de 1,2 milhão de estudantes reprovados.