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Nº 5868
Economia

BAIRROS SE MOVEM VERTICAL E HORIZONTALMENTE

Em onze meses, afundamento já consumiu mais de R$ 100 milhões da União.

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 30/11/2019 - Matéria atualizada em 30/11/2019 às 06h00

A ajuda humanitária para mais de duas mil famílias que tiveram de abandonar seus imóveis nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro; os estudos desenvolvidos pelo Serviço Geológico do Brasil – SGB, antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) – e Agência Nacional de Mineração (ANM) que apontam o “afundamento” de poços de extração de sal-gema da Braskem nos três bairros, já consumiu, em 11 meses, mais de R$ 100 milhões da União. A avaliação é do subsecretário municipal de Defesa Civil, Dinário Lemos. Os técnicos da Agência Nacional de Mineração e da Defesa Civil constataram que a terra se move nos três bairros de forma vertical e horizontal em direção da lagoa Mundaú. A movimentação de terra foi constatada também por estudos realizados por técnicos alemães contratados pela Braskem. A revelação ocorreu, pela primeira vez por órgão federal, no último dia 19. Durante depoimento na sessão da Comissão Externa do Afundamento do Solo em Maceió da Câmara dos Deputados, em Brasília, o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração, Victor Hugo Froner Biccas, confirmou a gravidade da situação em 15 poços de extração de salmoura. Ao revelar que a Braskem realizou estudos e constatou a necessidade de se criar área de resguardo em torno de cada um dos poços que estariam desmoronando, Victor Hugo disse que “os estudos indicam que algumas cavernas que deveriam estar onde deveriam [a 1.200 metros de profundidade] estão mais próximas da superfície. Ou seja, elas estão subindo e se continuarem assim vão causar um desastre”. Ainda de acordo com o depoimento do diretor-geral da ANM na Câmara dos deputados, as áreas de resguardo estão acima das cavernas que estão subindo. “A gente chegou a esta conclusão com os resultados dos estudos”. Segundo o diretor da ANM, “tem caverna que se deslocou mais de 200 metros”. A recomendação agora é que haja desocupação da área em torno dos poços: 13 ficam no Mutange, um em Bebedouro e três no bairro do Pinheiro, alertou Victor Biccas. Os estudos e pesquisas desenvolvidos que estão em poder da ANM são disponibilizados para outros órgãos federais como CPRM, Defesas Civis nacional, estadual e municipal. Victor Hugo não tem definição a respeito da situação da maioria dos moradores do três bairros afetados com os problemas geológicos causados pelos poços da indústria. Mas afirmou, durante o depoimento em Brasília, que “determinado diâmetro em torno das minas tem de ser desocupado”. Defendeu também que continuem os estudos nas outras 20 minas e também a manutenção das pessoas que saíram dos imóveis do Pinheiro.

A prefeitura de Maceió está seguindo a orientação do diretor da ANM, disse Dinário Lemos, que a partir desta semana deve repassar novas orientações para os que moram em torno das 15 minas que estão desmoronando. Confirmou também que até agora os estudos e a ajuda humanitárias aos que deixaram seus imóveis somam mais de R$ 100 milhões. Ele não considerou os prejuízos dos proprietários dos imóveis saqueados, danos morais das famílias, despesas com mudanças, pagamentos de seguranças e a situação dos comerciantes das áreas afetadas pelas minas da Braskem. AF

Leia mais nas páginas A14 e A15

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