Clodoaldo Nascimento pontua que algumas mudanças de hábitos geradas pelo isolamento social influenciaram na queda do faturamento. “As pessoas estão cozinhando mais, e isso diminui a procura por comida pronta. O café da manhã praticamente não existe, porque as pessoas estão dormindo e pulam esta refeição, o almoço pode ser já no meio da tarde, e o jantar é uma ceia”. Presente no bairro do Farol há 53 anos, na região entre o Parque Gonçalves Lêdo e o Mirante São Gonçalo, a padaria que Jorge Barbosa administra com o irmão é ponto de encontro de amigos e salvaguarda para trabalhadores cansados que fazem um lanche no local. O pão quentinho no fim da tarde fazia o local lotar. No entanto, tudo isso contrasta com a realidade imposta pela pandemia e fez o faturamento cair cerca de 40%, segundo o proprietário. O balcão, espaço antes disputado, agora tem cones e fitas para garantir distância entre funcionários e clientes. Em uma bicicleta o entregador leva o pão para a vizinhança, que agora compra pelo celular, seja por aplicativo ou ligação. No entanto, o colega do ramo, Clodoaldo Nascimento, expõe que a adesão aos aplicativos gera custo entre 20% e 27%, referente à taxa cobrada pelo mecanismo. “As pessoas questionam por qual motivo o valor no aplicativo é mais caro. É porque a maioria dos empresários repassa a taxa de uso para o cliente”, conta. Nascimento pondera que a situação pode ser agravar ainda mais devido a situação do trigo, principal matéria-prima para produção do pão. “ Os preços têm se elevado e vem aumentando entre 15% e 20%, mas, devido à grande concorrência no setor isso ainda não foi repassado”, afirmou. Segundo o empresário, os representantes dos moinhos afirmaram ter estoque até junho.
Clodoaldo Nascimento contou ainda que os empresários do setor participam de um “clube de cotação”. “Acompanhamos preços e vamos conversando. Identificamos quem tem preços abusivos. Aí acionamos o vendedor que praticava o preço mais alto”, relata. HB