A pandemia do novo coronavírus mexeu com todos os setores produtivos de Alagoas, que foram afetados pelos decretos do governo do Estado que restringiram o funcionamento de segmentos como hotéis, bares, restaurantes e comércio. Consequentemente, a publicidade alagoana também acabou sendo atingida pela pandemia. No ano passado, o setor faturou R$ 38,2 milhões, segundo levantamento do Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp), entidade que reúne os principais anunciantes, veículos de comunicação e agências de propaganda do país. Para o presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) em Alagoas, Hermann Gomes Fernandes, 2020 é um ano atípico e desafiador para toda sociedade. E como a publicidade reflete essa dinâmica social, era previsível que os impactos sobre o negócio logo surgissem. “A verdade é que o nosso mercado está embasado em três pilares, quando o assunto é o investimento publicitário: varejo, construção civil/imobiliário e setor público”, ressalta Hermann Fernandees. “Podemos dizer que de março a junho, varejo e construção civil se retraíram de forma abrupta, o que comprometeu todo o primeiro semestre das agências”, completa. Segundo ele, com a abertura gradativa dos negócios, a aceleração dos investimentos em imóveis e os investimentos do setor público em campanhas de utilidade e conscientização das pessoas, o segundo semestre apontou para uma recuperação. “De modo geral, as agências locais vão chegar ao final do ano de forma equilibrada, e o mais importante: mantendo a maior parte dos seus colaboradores. E essa é a nossa maior vitória”, comemora. O presidente da Abap-AL conta que o primeiro grande aprendizado nesta pandemia foi sobre o quanto a agência pode ser importante para seus clientes, mesmo quando esses não estão anunciando. Segundo ele, 2020 mostrou a importância da agência como uma consultora de negócios, uma parceira de decisões que vão além da comunicação. “As agências puderam se mostrar relevantes para seus clientes, orientando, compartilhando decisões e encontrando caminhos estratégicos para superar as dificuldades”, diz. “O home office se tornou uma realidade e uma opção que vai perdurar além da pandemia. As marcas aprenderam que precisam se posicionar e o digital responsável e bem feito se consolidou como um forte ativo das marcas”, completa. Para Hermann Fernandes, o home office continua por mais tempo do que o previsto, o digital será depurado e profissionalizado com a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados e as agências ampliarão seus investimentos em pessoas mais focadas no planejamento, na inteligência de mercado e no entendimento do público. Num momento em que publicidade em geral migrou muito para as redes sociais - muitas vezes se utilizando dos chamados influenciadores digitais -, Hermann Fernandes diz que como toda ferramenta de comunicação, os influenciadores precisam ser bem utilizados. “A base da boa comunicação é a verdade que ela passa. Anunciantes, agências e influenciadores precisam entender isso”, ressalta. “Se há sinergia entre produto e influenciador, a verdade da comunicação convence e leva a uma ação de compra, por exemplo. Se não há, tudo não passará de cliques, curtidas e visualizações que não irão se reverter em resultados. E anunciante vive de resultado”, diz. O presidente da Abap-AL ressalta inda que 2020 chega ao seu final com uma perfomance fantástica do meio TV. Segundo ele, as mídias digitais também aceleraram em faturamento e o rádio continua tendo uma presença importante no mercado. “Com os períodos de ‘lockdown’, as mídias exteriores (outdoor backbus, busdoor, por exemplo) sofreram bastante no primeiro semestre, mas aceleraram uma recuperação a partir de agosto. Sem dúvidas, o setor que mais sofreu foi o promocional, com o cancelamento de muitos eventos e a migração para os meios digitais, o que impactou de forma bastante negativa esse segmento”. Nesta sexta-feira (4), Dia Mundial da Propaganda diz que o setor alagoano comemora o fato de a maioria das empresas atividas e com os postos de trabalho mantidos. “Temos que comemorar os aprendizados. Descobrimos que o home office pode funcionar. Confirmamos a nossa relevância junto aos clientes. Trocamos informações e conhecimentos, dividindo as angústias dos primeiros momentos, as vitórias do caminho e as visões sobre o futuro. Vamos sair fortalecidos, mais maduros e conscientes da importância do nosso negócio para a manutenção de um mercado cada vez mais forte e focado em bons resultados”, finaliza.