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Nº 5868
Economia

TAXA DE DESEMPREGO CHEGA A 14,3% E ATINGE 14,1 MILHÕES DE BRASILEIROS

Taxa do trimestre encerrado em outubro é a maior para o período desde o início da pesquisa, em 2012

Por Folhapress | Edição do dia 30/12/2020 - Matéria atualizada em 30/12/2020 às 04h00

Rio de Janeiro, RJ – A taxa de desemprego subiu no trimestre encerrado em outubro, mas os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça (29) apontam para recuperação do mercado de trabalho brasileiro, com mais gente ocupada e retomada das contratações por setores importantes, como a indústria. Segundo o instituto, o Brasil tinha 14,1 milhões de desempregados no trimestre, 931 mil a mais do que no trimestre móvel anterior, encerrado em julho. A taxa de desemprego subiu de 13,8% para 14,3%, a maior para o período desde o início da pesquisa, em 2012, mas abaixo das expectativas do mercado, que esperava 14,7%. A piora do desemprego reflete o aumento do número de brasileiros que decidiu ir às ruas em busca de uma vaga após o relaxamento das medidas de isolamento social adotadas no período mais duro da pandemia. A estatística do IBGE considera desempregada a pessoa que procurou trabalho na semana da pesquisa. Mas outros indicadores da pesquisa mostraram que o mercado de trabalho vem se recuperando do tombo, disse a coordenadora do IBGE Maria Lúcia Vieira, destacando que a continuidade da recuperação vai depender da evolução da pandemia após o repique de contaminações neste fim de ano. O número de brasileiros com algum tipo de trabalho cresceu 2,8%, ou 2,2 milhão de pessoas no trimestre. A recuperação foi puxada pela informalidade: desse total, 2 milhões são trabalhadores considerados informais, grupo que compreende empregados do setor privado e domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e trabalhadores auxiliares familiares. “A recuperação [dos informais] é bastante interessante, não pode ser vista como um ponto negativo”, disse o diretor-adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo. “Mostra um retorno das pessoas que foram afastadas por essa situação adversa que é a crise sanitária.” Houve também um crescimento, ainda que pequeno, no número de trabalhadores com carteira assinada, que avançou 1,3% em relação ao trimestre encerrado em julho. O crescimento na ocupação ocorreu em quatro dos dez grupos de atividades pesquisados: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (3,8%), Indústria (3,0%), Construção (10,7%) e Comércio e reparação de veículos automotores (4,4%). Vieira destacou que, mesmo entre os setores que não tiveram recuperação, o número de ocupados ao menos parou de cair, em comparação com o trimestre encerrado em julho. “A gente já começa a observar alguma recuperação do mercado, com o aumento da população ocupada, a interrupção da queda dos trabalhadores com carteira e com alguns sinais positivos do retorno da informalidade”, comentou a gerente do IBGE. “O fato da indústria ter virado é outro bom sinal, já que é um grupamento mais formalizado.” Apesar dos dados positivos, a elevação da taxa de desemprego em relação ao trimestre anterior indica que o mercado ainda não tem condições de absorver todos os brasileiros que buscam uma vaga. “Tem mais gente se oferecendo ao mercado de trabalho do que empregadores querendo empregar”, disse Vieira. “É necessário um tempo para que o mercado de trabalho volte a se ajustar, e isso considerando que as questões pandêmicas não piorarão.” Na comparação com o mesmo trimestre de 2019, porém, os dados ainda reforçam o estrago feito pela pandemia no mercado de trabalho. A população ocupada, por exemplo, ainda é cerca de 10 milhões de pessoas inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. Nessa base de comparação, há recuo em oito dos dez grupos pesquisados pelo IBGE, com destaque para Alojamento e alimentação (-28,5%) e Outros serviços (-20,4%), atividades mais impactadas pelas medidas de isolamento social. Em Serviços domésticos, a queda é de 25,4%. Vieira ressaltou que é difícil prever se a recuperação apresentada no trimestre é sustentável, diante de incertezas com relação ao cenário da pandemia. “Se não acontecer nenhuma situação inesperada em termos de conjuntura ou pandemia a gente pode esperar retomada do mercado de trabalho”, ponderou. As incertezas em relação ao emprego e à capacidade de sobrevivência após o fim dos programas de socorro, alimentam protestos de trabalhadores e empresários pelo país. Em Manaus e Búzios (RJ), as mobilizações conseguiram reverter a imposição de medidas restritivas durante as festas de fim de ano. “Apesar do bom resultado e da sinalização positiva da pesquisa, avaliamos que o desemprego deverá continuar avançando em 2021”, comentou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, que considerou o resultado de outubro “extremamente positivo”. “O CAGED [cadastro de empregos formais do governo] positivo em novembro traz boas perspectivas para o curtíssimo prazo, mas a ociosidade da economia deverá se revelar ao longo de 2021, com a média da PNAD [a pesquisa de desemprego do IBGE] ficando ao redor de 16%”, completou. O aumento da informalidade no trimestre teve impacto no rendimento médio do trabalhador, que caiu pela primeira vez desde o início da pandemia, chegando a R$ 2.529, 1,5% a menos do que o registrado no trimestre anterior. Nos trimestres anteriores, com maior presença de empregados formais, a renda média vinha subindo. Azeredo destacou, porém, que interrupção da queda na massa de rendimentos, que ficou em R$ 207,8 bilhões, levemente acima do trimestre anterior, é outra boa notícia. Esse indicador, diz, sinaliza quanto dinheiro o conjunto de trabalhadores tem disponível para consumir.

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