Além de uma crise no sistema de saúde e na economia em escala global, a pandemia revela um forte impacto em muitas áreas de trabalho, dentre elas no setor de vestiário, sobretudo na sobrevivência de costureiros e alfaiates ao redor do Mundo. Considerada uma das profissões mais tradicionais, a alfaiataria começou a ganhar evidência no início do século XV. Em Alagoas, esses profissionais têm passado por maus bocados em decorrência da pandemia da Covid-19, que há mais de um ano assola o país. A Gazeta de Alagoas conversou com dois profissionais, em Maceió, que vivem do setor de vestiário há anos. Um deles é o alfaiate José Luiz, sendo um dos mais antigos da capital alagoana, conta sobre a sobrevivência em um momento tão delicado. “Está mais devagar do que nunca. Frequentemente chega trabalho, mas nunca no ritmo de antes. Cheguei a produzir máscaras, mas parei, vi que não estava compensando”, relata. Luiz diz, ainda, que os prejuízos financeiros foram incalculáveis. “Cheguei a ter oito funcionários trabalhando comigo antes da pandemia e precisei demitir todos eles. Atualmente, recebo ajuda da minha filha para conseguir manter o negócio”, lamenta. Em maio passado, a Prefeitura de Olho D´água Grande, por meio da Secretaria de Assistência Social, deu oportunidade para que 20 costureiras e alfaiates da cidade realizassem a produção de máscaras de tecidos, como forma aquecer a economia diante da crise e de auxiliar nos cuidados com à saúde da população. A medida municipal obviamente não contemplaria todos os costureiros ativos no Estado, e olhando para março de 2021, as costureiras e costureiros vêm sentindo na pele os estragos causados em decorrência da Covid-19, no que diz respeito ao seu sustento, como é o caso da profissional Vania Galbino. “Houve uma diminuição expressiva na demanda. Creio não ter sofrido tanto quanto outros colegas de profissão porque me organizei antes”, justifica. Mesmo tendo se preparado, Vania conta que o problema está durando mais do que ela esperava, e isso trouxe consequências. “Infelizmente, precisei arrumar outro emprego, o que estava ganhando como costureira não era mais o suficiente para me manter. Até tentei investir na confecção de máscaras, para contornar a crise, mas, conforme o tempo ia passando, tornou-se inviável”, conclui. José e Vania seguem costurando, mas, diante das incertezas com o avanço da doença, retratam cansaço físico e mental.