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Nº 5882
Economia

Tecnologia evita desperd�cio em microempresas

FELIPE FARIAS Redução de desperdícios de até 30% e de custos, melhoria na competitividade, sem agredir o meio ambiente. Esses são os resultados mais expressivos comemorados entre os representantes de cinco segmentos de micros e pequenas empresas alagoan

Por | Edição do dia 21/03/2004 - Matéria atualizada em 21/03/2004 às 00h00

FELIPE FARIAS Redução de desperdícios de até 30% e de custos, melhoria na competitividade, sem agredir o meio ambiente. Esses são os resultados mais expressivos comemorados entre os representantes de cinco segmentos de micros e pequenas empresas alagoanas, que integram uma nova tendência de mercado: o econegócio. O uso dessas medidas de racionalização ambiental está sendo implementado por intermédio de um projeto piloto adotado por dez empresas alagoanas, sob a coordenação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A discussão sobre o conceito e a aplicação do processo, denominado de Produção Mais Limpa (P+L) é uma das pautas defendidas na Organização das Nações Unidades (ONU) - e que vem sendo amplamente desenvolvido no Brasil. O programa de P+L tem como objetivo desenvolver uma estratégia tecnicamente, economicamente e ambientalmente integrada aos processos de produção e serviços das empresas, visando diminuir custos e agressões ambientais, por meio do aumento da eficiência do uso de matérias-primas como água, energia e a redução ou reciclagem de resíduos. “Foram resultados obtidos numa fase em que estávamos ainda treinando consultores que vão atuar nessa área”, explica Felipe Baracho, coordenador do núcleo de Tecnologia Mais Limpa do Sebrae. Ele ressalta o interesse que a proposta despertou no empresariado local: “Além dos representantes das dez empresas em que o trabalho foi executado, outros cerca de 200 empresários compareceram a um seminário que realizamos no começo do mês”. Conferência Segundo ele, a tecnologia P+L vem sendo trabalhada desde a Conferência Mundial de Meio Ambiente realizada no Rio, a ECO-92; passando pelo pacto de Kioto (Japão), que trata da emissão de gases poluentes, e por um tratado internacional do qual o Brasil é signatário. “Hoje, essa proposta já está sendo implementada em mais de trinta países”, explica. No Brasil, ela está sendo desenvolvida por meio de uma parceria entre Confederação Nacional da Indústria (CNI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Sebrae e Centro Empresarial Brasileiro pelo Desenvolvimento Sustentável. Do trabalho conjunto surgiram 18 núcleos dos chamados econegócios, que têm o objetivo de encontrar formas de pôr em prática as metas da proposta: aumento da produtividade com redução de custos e sem agressão ao meio ambiente. Alagoas é um dos estados que já possuem o núcleo. Entre os casos de sucesso está o de uma construtora que estabeleceu indicadores de utilização de gesso e argamassa e conseguiu diminuir o desperdício desses dois itens entre 20% e 30%. Uma pousada instalou um sistema de aquecimento com energia solar e obteve economia de 11% nos custos desse insumo. “Nossa orientação é para que os empresários comecem as mudanças pelas pequenas coisas, por aquilo que pode ser alterado sem implicar em grandes custos. Como os custos maiores implicam em planejamento, você deve atacar aquilo que possa ser mudado logo”, ensina o consultor. Segundo Baracho, o núcleo de econegócios do Sebrae de Alagoas está trabalhando com cinco segmentos: turismo (pousadas e restaurantes), construção civil, panificação, laboratórios e laticínios, cada qual com duas empresas. “Mas, diante do interesse demonstrado, sobretudo por causa dessa grande adesão ao seminário, temos planos de ampliação”, informou. Em Alagoas, o projeto piloto foi implantado em setembro de 2003. Cerca de 22 consultores foram capacitados para prestar assistências às microempresas locais. Para Carlos Gomes, proprietário de um hotel de pequeno porte em Maceió, o Programa ajudou a desenvolver a capacidade de consciência ambiental dos funcionários e dos próprios hóspedes. Com a orientação dos consultores, Carlos aderiu a medidas que ajudaram a reduzir custos da empresa. A partir da implantação de um sistema de aquecimento e energia solar e com o uso de telhas translúcidas, o empresário consegue uma diminuição de 11% na conta de energia elétrica. Com a racionalização na lavagem das toalhas, a economia mensal é de 24%, além da redução do desgaste do tecido e reposição. O processo neste caso é simples e conta com a ajuda dos hóspedes. Ao invés de as camareiras retirarem todas as toalhas do quarto para serem lavadas, são os hóspedes que indicam o que deve ser levado à lavanderia. Para o consultor Gabriel Campana, o programa Produção Mais Limpa é uma ferramenta importante para os pequenos empreendimentos, pois nesse trabalho de gerenciamento os consultores atuam junto às empresas melhorando a eficiência e reduzindo as agressões ambientais. “Outra vantagem para empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável é a imagem positiva que passam a ter junto aos clientes”, afirmou Carlos Gomes.

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