ALAGOANOS TÊM O MAIOR CONSUMO DE ÁGUA DO NORDESTE
Documento do Ministério do Desenvolvimento Regional revelam que cada alagoana consome 153,3 litros de água potável a cada dia
Por Hebert Borges | Edição do dia 21/12/2021 - Matéria atualizada em 21/12/2021 às 04h00
Não é de se espantar tanto interesse de empresas privadas nos leilões de privatização da distribuição de água em Alagoas. Isso porque documento do governo federal aponta que os alagoanos têm o maior consumo diário de água do Nordeste e o 11° do Brasil, com 153,3 litros por dia para cada habitante. Os dados são referentes a 2020 e constam no Panorama do Saneamento Básico no Brasil divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Não foram divulgados números detalhados dos municípios alagoanos, onde parte significativa, principalmente no Sertão, sofre com a falta de acesso à água. O documento aponta ainda que as perdas no faturamento em Alagoas chegam a 50%, ou seja, apenas metade da água produzida é faturada pela distribuidora. O percentual é o segundo do Nordeste, atrás somente do Maranhão, com 63,8% e acima da média nacional que é de 37,5%. Já as perdas na distribuição chegam a 34%, que é quando acontecem vazamentos, por exemplo. Sobre Alagoas, o panorama expõe ainda que 90,6% das áreas urbanas contam com atendimento de rede de água. Já o atendimento de esgoto em área urbana é de 30,4% em Alagoas. O tratamento de esgoto gerado é de apenas 17,2%. O tratamento de esgoto coletado é de 85,6%. Com base nos indicadores fornecidos por 4.744 das 5.570 prefeituras existentes no país, técnicos do ministério estimam que quase metade da população abrangida pelo sistema não tem acesso a redes de esgoto. Isso significa que, de um total de 208,7 milhões de brasileiros, 94,1 milhões não dispõem do serviço. Considerando as informações municipais, o percentual de pessoas que contam com rede de esgotos é um pouco maior na população urbana: 63% contra os 55% da população geral (urbana e rural). Em termos gerais, a Região Sudeste tem a melhor cobertura, com 80,5% da população atendida por rede de esgoto. Em seguida, vêm as regiões Centro-Oeste (59,5%); Sul (47,4%); Nordeste (30,3%) e Norte (13,1%). “Este é nosso grande desafio, nosso calcanhar de Aquiles, pois temos praticamente metade da população sem acesso à rede de coleta de esgoto”, disse o diretor substituto do Departamento de Cooperação Técnica da Secretaria Nacional de Saneamento, Paulo Rogério dos Santos e Silva, ao lembrar que o Marco Legal do Saneamento Básico, sancionado em julho do ano passado, estabelece a meta nacional de garantir acesso à coleta e tratamento de esgoto a 90% da população brasileira até 2033. O diagnóstico apresentado aponta mais um desafio: apenas a metade do esgoto coletado (50,8%) é tratada. “Uma coisa é coletar o esgoto, outra, tratá-lo”, afirmou Silva. “Quando não tratamos o esgoto adequadamente, acabamos gerando mais poluição, degradação ambiental, e deixamos de cumprir nosso objetivo.”