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Nº 5897
Economia Pagamento do Auxílio Emergencial manteve renda dos mais pobres quase inalterada

CLASSE MÉDIA LIDERA PERDA DE RENDA NA PANDEMIA, DIZ PESQUISA

Entre os mais pobres, os rendimentos mantiveram-se praticamente inalterados, graças ao pagamento do Auxílio Emergencial do governo

Por Fernando Canzian | Edição do dia 15/03/2023 - Matéria atualizada em 15/03/2023 às 04h00

São Paulo, SP – A classe média foi quem mais perdeu rendimentos durante parte da pandemia do coronavírus, o que levou ao aumento da desigualdade de renda no Brasil. Entre os mais pobres, os rendimentos mantiveram-se praticamente inalterados, graças principalmente ao pagamento do Auxílio Emergencial. No período, foi mantida a tradicional concentração de rendimentos em estados mais ricos e em áreas do Distrito Federal, onde há preponderância de funcionários públicos bem pagos e com estabilidade no emprego —apesar de a maioria, com exceção dos militares, estar sem reajuste salarial desde 2017. Segundo dados inéditos da FGV Social com base em declarações de Imposto de Renda de 2020 e pesquisas do IBGE, a classe média (brasileiros localizados entre os 41% mais pobres e os 10% mais ricos) perdeu 4,2% de sua renda no primeiro ano da pandemia.

No 10% mais rico, muitos deles moradores de áreas abastadas do Distrito Federal (como Lago Sul e Lago Norte) e de cidades tradicionalmente ricas como Nova Lima (MG), São Caetano do Sul (SP) e Florianópolis (SC), a queda nos rendimentos foi bem menor, de 1,2%. Entre os 40% mais pobres, houve praticamente estabilidade (ganho de 0,2%). Segundo Marcelo Neri, diretor da FGV Social, ao contrário do que se imaginava, em função do Auxílio Emergencial que chegou a até 67 milhões de pessoas, a desigualdade de renda não caiu no país no primeiro ano da pandemia —mas foi puxada para cima por conta do empobrecimento da classe média. Utilizando o mesmo método que o economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller “O Capital no Século 21”, e unindo a base de dados do IRPF à da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, a FGV Social calcula que o índice de Gini chegou a 0,7068 em 2020, bem acima dos 0,6013 calculados pelo IBGE, que usa apenas a Pnad Contínua. Para o cálculo do Gini, quanto mais perto de 1 o índice, maior a desigualdade. Segundo Neri, o IRPF consegue captar melhor a renda proveniente de ganhos de capital, como os lucros no mercado financeiro ou distribuído pelas empresas, inclusive das pessoas jurídicas que declaram via Simples. Por isso, traz mais realismo para o rendimento dos mais ricos. Pela abordagem usual, o Gini teria caído de 0,6117 para 0,6013; já na combinação de bases, o indicador sobe de 0,7066 para 0,7068.

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