app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5897
Economia Rotativo do cartão é a linha de crédito mais cara do mercado, aponta levantamento do BC

JURO DO ROTATIVO DO CARTÃO ATINGE 430,5%

.

Por NATHALIA GARCIA | Edição do dia 27/04/2023 - Matéria atualizada em 27/04/2023 às 04h00

Brasília, DF – A taxa média de juros cobrada pelos bancos no rotativo do cartão de crédito atingiu em março 430,5% ao ano -o maior patamar em seis anos-, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (26). O número representa uma alta de 13,1 pontos percentuais na comparação com fevereiro, quando o juro estava em 417,4% ao ano. Em março de 2017, a taxa da modalidade era de 490,3% ao ano. Essa é a linha de crédito mais cara do mercado, recomendada por especialistas apenas em casos emergenciais. O rotativo do cartão é acionado quando o cliente não paga o valor integral da fatura na data de vencimento. Desde 2017, os bancos são obrigados a transferir a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, que possui juros mais baixos, após um mês. Nessa modalidade, o juro subiu para 192% ao ano em março, contra 189,6% ao ano no mês anterior -alta de 2,4 pontos percentuais. O elevado patamar do juro do rotativo vem sendo debatido pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia 17 de março, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) se reuniu com o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Ferreira, e o presidente da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), Rodrigo Maia, para discutir o atual modelo. Nenhuma proposta foi apresentada, segundo os participantes do encontro. "Hoje [dia 17] nós passamos uma hora estudando o modelo atual para que haja uma compreensão dos problemas que todos enfrentam em relação a isso. São muitos interlocutores, tem a bandeira, tem a maquininha, tem o banco, tem o lojista, tem muitos atores nesse processo", afirmou Haddad após a reunião. "Pedi celeridade porque é uma preocupação do presidente Lula, e eles pediram para envolver o Banco Central em virtude da regulação do produto", acrescentou. De acordo com o presidente da Febraban, o governo e integrantes da indústria do cartão de crédito vão constituir um grupo de trabalho com o BC para aprofundar as causas do spread [diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada do cliente] no rotativo. Em entrevista à Folha, em meados de abril, o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso, afirmou que a autoridade monetária não discutia até então a possibilidade de impor qualquer tipo de limite no rotativo ou de tabelamento de taxa de juros. Segundo ele, isso poderia trazer instabilidade para o mercado. "Não está na pauta do Banco Central algum tipo de tabelamento de taxa de juros, o que a gente sempre busca são mecanismos de tornar todos os tipos de instrumentos financeiros mais eficientes. Tem alguma coisa prevista? Não tem, mas a gente está sempre analisando esse mercado", afirmou. "Mas não está no pensamento do Banco Central qualquer tipo de cap [limite], porque isso poderia trazer algum tipo de instabilidade para um mercado superrelevante, importante, que alimenta a economia e todos os setores da economia, principalmente o varejo é extremamente dependente desse instrumento importante de pagamentos."

Mais matérias
desta edição