Usina investe em energia alternativa
MARCOS RODRIGUES Repórter A co-geração de energia elétrica para a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras), definida por meio de convênio no ano passado com o governo federal, já é uma realidade em Alagoas. A Usina Coruripe foi a pioneira no Pa
Por | Edição do dia 26/02/2006 - Matéria atualizada em 26/02/2006 às 00h00
MARCOS RODRIGUES Repórter A co-geração de energia elétrica para a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras), definida por meio de convênio no ano passado com o governo federal, já é uma realidade em Alagoas. A Usina Coruripe foi a pioneira no País na produção de energia a partir da biomassa, ou seja, do bagaço da cana-de-açúcar. Desde o dia 7 de fevereiro o fornecimento de energia para o consumo local foi suficiente para estabilizar a rede, que sofre há anos com picos e queda energética. O setor sucroalcooleiro domina a produção de energia por conta da necessidade da moagem de cana para a produção de álcool e açúcar. Além disso, como as pesquisas apontam o bagaço como um combustível gerador de energia, no segmento a presença da fonte de energia não seria problema. Os termos do acordo de fornecimento energético foram possíveis com a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfra). Sua gerência é direta da Eletrobrás, por isso a energia é repassada antes para o governo federal, que depois revende o MW para as concessionárias, que em seguida dispõe para o consumo da população. Inicialmente, o governo está disponibilizando para o mercado 16 mWh (megawatt/hora). Mas, segundo o contrato de fornecimento, serão gerados 77.600 mWh/ano. ALTERNATIVA A opção do uso de fontes alternativas de energia foi definida como opção depois que em 2001 o País viveu a iminência de um apagão. A queda de energia atingiu regiões industriais do País, o que despertou e apressou os técnicos do governo a admitirem a geração de energia a partir de fontes alternativas como solução para o futuro. Diante desse quadro e da falta de recursos imediatos para a construção de novas unidades geradoras, a saída foi a busca de parceiros. No País, quem apontou e deixou as bases firmadas para que a co-geração saísse do papel foi a ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, que atualmente comanda a Casa Civil. Por isso, sua presença é esperada em Alagoas na sede da Usina Coruripe para a inauguração oficial da primeira experiência de geração comercial de energia a partir da biomassa. Incentivo O incentivo do Proinfra é para a produção energética a partir do vento (eólica), pequenas centrais hidrelétricas e da biomassa. O contrato firmado com as empresas que poderão vender energia a Eletrobrás é de 20 anos. As bases do programa foram firmadas de acordo com déficit energético de cada região. Em Alagoas, os problemas com o fornecimento são mais graves nas cidades balneárias. Em Coruripe, onde está a sede da usina, o problema é uma realidade. Porém, desde que se iniciaram os lançamentos de energia, por conta de sua qualidade, a ameaça de queda de tensão sumiu. ### Usinas precisam atender exigências do governo Para conquistar o direito de fornecer energia para o sistema Eletrobras, a Usina Coruripe se mobilizou para atender a todos os requisitos exigidos. O selo ISO 14.000 conquistado pela empresa favoreceu o início do processo. Porém, o que pesou consideravelmente para a aprovação foi o fato de a usina ter atendido a todas as exigências técnicas dentro do prazo preestabelecido pelos técnicos da Eletrobras. O grupo também ganhou destaque quando foram realizados os levantamentos sobre a situação de crédito no mercado. Ao contrário de empresas de outros estados, que apresentaram algum problema, a Coruripe apresentava situação cadastral regular com todas as instituições financeiras e com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Todos os impostos estaduais e federais precisavam estar em dia para que o processo pudesse caminhar. O governo exigiu que as empresas envolvidas com o Proinfra não tivessem, nos últimos 20 anos, débitos ou processos com o INSS. Nesse item muitas não passaram e tiveram de abrir novos registros, observou o diretor-superintendente-executivo da usina, Marcus Wanderley. A principal vantagem disso é que a Usina Coruripe poderá manter a marca da empresa, consolidada como produtora de açúcar, agora, como geradora de energia. O certificado ambiental também representou um diferencial favorável à empresa. Isso porque a exigência era pela habilitação concedida para o funcionamento da unidade. Processo A preocupação com o meio ambiente já era uma realidade da empresa. A geração de energia a partir do bagaço de cana despertou interesse por ser considerado um processo não poluente. A queima de bagaço gera fumaça limpa. Nossa torre de processamento está dotada, inclusive, de equipamento para lavar o gás gerado, acrescentou Marcus. Todo o bagaço é aproveitado. Depois de transformado em fibras, ele segue para a fornalha onde atinge temperatura de 1.000º. Em seguida, o gás gerado a esta temperatura segue para a unidade geradora de energia. Uma parte da produção é utilizada pela própria usina. Depois de resfriado, o gás gerado na queima se converte em água que vai movimentar a turbina que provocará a geração de energia. Atualmente, a usina dispõe de 2 milhões e 240 mil toneladas de bagaço para queimar. Ainda assim, já estão sendo realizadas experiências com a queima da casca do coco, que oferece a mesma eficiência. Preços O maior problema é que depois de um investimento de R$ 16 milhões para colocar a usina em operação, o governo paga R$ 106,00 por MWH. Para quem produz energia a partir do vento (éolica) o valor é praticamente o dobro, R$ 250 por MWH. Para justificar a diferença, o governo argumenta que a diferença é que os investimentos para unidades eólicas foram contados em dólar. Além disso, toda a tecnologia é importada. MR