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Nº 5821
Economia

Alagoas terá redução populacional a partir de 2027, prevê IBGE

A projeção do órgão é de que até 2070, a população do estado diminua de 3,1 milhões para 2,6 mi, uma retração de 14,5%

Por Carolina Sanches | Edição do dia 23/08/2024 - Matéria atualizada em 23/08/2024 às 04h00

Segundo uma estimativa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (22), a população brasileira deverá crescer até 2041 e, no ano seguinte, já começará a reduzir. Dessa forma, a tendência de crescimento da população brasileira será revertida a partir de 2041, quando atingirá a marca de 220.425.299 habitantes. A partir de então, a tendência é de queda.

Alagoas e o Rio Grande do Sul são os estados do país onde a redução do crescimento populacional começará primeiro, dentro de três anos. Em Santa Catarina, essa tendência deve se concretizar somente em 2064.

Segundo o IBGE, essas projeções populacionais são importantes para o cálculo de indicadores sociodemográficos, além de alimentarem as bases de informações de ministérios e secretarias estaduais de diversas áreas para a implementação de políticas públicas e a posterior avaliação de seus respectivos programas.

O último censo do IBGE, em 2022, aponta uma população de 3.127.683 de pessoas no estado. A projeção do órgão é que, até 2070, ela reduza a 2.672.812, uma queda de 14,5%.

Dentre os fatores apontados para essa queda está a taxa de natalidade em Alagoas, que tem diminuído ao longo das últimas décadas. As famílias estão tendo menos filhos, o que impacta diretamente o crescimento populacional. Há ainda o aumento da expectativa de vida e a redução da mortalidade, que resultaram em uma população mais idosa.

Isso significa que há menos jovens para substituir os idosos que falecem, aliado aos que migram para outros estados.
Dos estados do Brasil, Alagoas só se equipara ao Rio Grande do Sul na redução populacional. De acordo com o IBGE, a diminuição na população desses dois estados está prevista para ocorrer já nos próximos três anos. O Rio de Janeiro seguirá a mesma tendência, com uma queda populacional projetada para começar em 2028.

O economista Cícero Péricles avalia que a redução da população é um fenômeno relacionado à melhoria da renda, ao nível educacional e ao acesso à saúde pública, assim como ao fenômeno da urbanização e da entrada das mulheres no mercado de trabalho. “No caso alagoano, a taxa de fecundidade das mulheres alagoanas, em 1980, era de quase sete filhos por mulher; número que caiu para três em 2010 e a estimativa para o Censo de 2022 é de menos de dois filhos. Por sua vez, a população com mais de 60 anos no início do século era de 193 mil habitantes, o equivalente a 7% dos alagoanos; no Censo de 2022, essa faixa etária saltou para 420 mil pessoas, representando 12%”, fala.

Outro fator apontado por Péricles para a queda populacional é a migração. “Alagoas tinha, em 2015, 900 mil de seus filhos vivendo em outros estados, principalmente no Sudeste, onde meio milhão de alagoanos foram morar nas décadas passadas. Esse movimento diminuiu drasticamente nas duas últimas décadas, mas continua tendo um fluxo significativo, como o que existe para os estados do Centro-Oeste”, expõe.

Com relação aos impactos econômicos, Péricles diz que o cenário previsto para os próximos anos, a começar de 2027, é positivo devido a queda da taxa de mortalidade infantil, ao aumento da expectativa de vida, a elevação do grau de escolaridade e, de alguma forma, a um aumento da renda média da população, revelando uma melhoria da qualidade de vida.

Ainda segundo o economista, as mudanças abrem novas possibilidades para economia, no sentido de que uma população mais envelhecida, com maior educação formal e, portanto, com maior nível de informação irá utilizar o crescimento da renda nas suas demandas de serviços diversificados, de comércio mais direcionado, na necessidade produtos alimentares – agrícolas e industrializados – mais saudáveis, cobrando mais presença da administração pública na oferta de serviços de mais qualidade.
“Esse novo cenário vai exigir um sem número de possibilidades para as pequenas e médias empresas inovadoras conectadas com essa nova economia e, claro, vai abrir espaços para um mercado de trabalho com mais formação profissional, melhor remunerado”, completa.

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