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DADOS DE 2024

Alagoas tem 4ª menor taxa de adesão ao Pix, aponta FGV

Economistas destacam que números no estado são influenciados por fatores estruturais e sociais

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A taxa de adesão refere-se à quantidade de pessoas cadastradas no Pix
A taxa de adesão refere-se à quantidade de pessoas cadastradas no Pix | Foto: Agência Brasil

Alagoas tem a 4ª menor taxa de adesão ao Pix do país, com um percentual de 59,08%. O estado fica à frente apenas da Paraíba (56,97%), Piauí (56,26%) e Maranhão (58,17%). A informação, relativa a 2024, faz parte de uma pesquisa do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVCemif) da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) intitulada “Geografia do Pix”.

A taxa de adesão refere-se à quantidade de pessoas cadastradas no Pix com residência em determinada área geográfica e que utilizaram o sistema de pagamentos instantâneos ao menos uma vez no mês, dividida pela população total desta mesma área.

O economista Fábio Leão, analista do Sebrae na Unidade de Ambiente de Negócios (UAN), avalia que a baixa adesão ao Pix em Alagoas pode ser explicada por alguns fatores estruturais e sociais como a baixa inclusão digital e educação financeira. Ou seja, a falta de conhecimento sobre os benefícios e a segurança do Pix pode levar à resistência em adotá-lo como meio de pagamento.

“Muitas pessoas ainda têm acesso limitado à internet ou dispositivos móveis, o que dificulta o uso de tecnologias como o Pix. De acordo com um estudo (PNAD, 2010), apenas 17,8% da população tem acesso à internet, colocando o estado como o pior do Brasil nesse aspecto. Isso reflete desigualdades estruturais e limitações no acesso a tecnologias e infraestrutura digital”, destaca o analista do Sebrae.

Já o economista e professor Renan Laurentino avalia que o alagoano tem por cultura ter cédulas e moedas na carteira e prefere lidar com transações via débito e crédito. “O Pix, talvez na nossa cultura alagoana, ele não tenha tanta aderência para uma população ampla porque as pessoas ainda acreditam muito na força da moeda, de ter o dinheiro no bolso, de ter o dinheiro na carteira”, afirma Laurentino.

O economista lembra ainda que grande parte da população alagoana não tem acesso a agências bancárias ou a renda é muito pequena. Então, necessariamente, tira o dinheiro do caixa e já gasta. “Então não tem tempo nem para movimentar eletronicamente esse recurso. São esses os aspectos, são esses os fatores que possivelmente nos fazem estar na lanterna do uso dessa ferramenta. É preciso a gente pensar nessa questão do comportamento do alagoano, do indivíduo”, destaca Renan.

Métodos tradicionais

O analista Fábio Leão cita ainda fatores como a desigualdade econômica, preferência por métodos tradicionais e baixos níveis de bancarização para o fato de Alagoas ter uma taxa de adesão na quarta posição.

“Alagoas enfrenta desafios econômicos que podem impactar a adoção de novas tecnologias financeiras, especialmente em áreas rurais ou de baixa renda. É preciso lembrar que para ter acesso ao Pix é preciso ter um celular com ligação na web e uma conta aberta em um banco”, recorda.

O economista destaca ainda que, devido ao baixo nível de renda e a desigualdade social e econômica do estado, fica clara a razão pela qual um grande percentual da população (no caso, aproximadamente 40%) não consegue aderir ao Pix.

“Muitos alagoanos ainda preferem usar dinheiro em espécie ou outros métodos tradicionais de pagamento. De fato, muita gente não utiliza o Pix porque tem medo da tecnologia, tem medo de fraudes ou é conservador e prefere ainda o dinheiro em papel”, completa Leão.

Sobre os baixos níveis de bancarização da economia, ele cita dados do Banco Central do Brasil (BCB) que apontam que 60% das cidades do Nordeste não têm agência bancária (1.098 municípios).

“O contingente de pessoas sem agência bancária soma 10 milhões de nordestinos. Ainda segundo o BCB, 491 agências fecharam até 2019. Tudo isso contribui para a exclusão bancária e a desigualdade socioeconômica, expulsando as pessoas da utilização de tecnologias úteis como o Pix. Esses fatores combinados ajudam a explicar a menor taxa de adesão ao Pix no estado” conclui o analista do Sebrae.

Exclusão no mundo globalizado

Já o economista Renan Laurentino lembra que existe uma ampla exclusão digital do alagoano, que talvez dificulte o acesso à internet, ou mesmo desconhecimento em utilizar a ferramenta do Pix, seja num banco digital seja num banco já tradicional ou mesmo baixar o aplicativo para poder usar.

“Num mundo tão globalizado, tão digital, tem uma parte considerável e ampla de alagoanos que ainda têm restrições ao acesso a esses recursos digitais. Em Alagoas infelizmente ainda temos um grau de analfabetismo grande, ou seja, pessoas ainda são pouco preparadas para usar isso”, finaliza o professor e economista Renan Laurentino.

A média é de 36 transações por usuário em Alagoas, segundo o estudo da FGV, levando o estado a 13ª posição no país. A média nacional ficou em 32 transações por mês ao longo de 2024. O estado com maior frequência de uso do Pix é o Amazonas, onde cada usuário realizou, em média, 47 transações por mês no ano passado.

PI tem menor adesão e DF a maior

Segundo a pesquisa do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVCemif) da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), o valor médio das transações em Alagoas ficou em R$ 153,16, o que leva o estado a registrar o 10º menor valor médio de transação do país.

A pesquisa destaca ainda que os estados de Roraima, Rondônia e Amapá tiveram adesões superiores a 65%, o que demonstra que a adesão é elevada tanto em estados relativamente mais ricos (RJ e SP) quanto em estados relativamente menos ricos.

A média nacional de 63,0% dos brasileiros realizaram pelo menos uma transação Pix por mês ao longo de 2024. O estado com menor adesão ao Pix é o Piauí: 54,7% e o de maior adesão o Distrito Federal: 77,9%.

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