Um senhor de 70 anos. Foi assim que ficou o Estádio Jornalista Mário Filho, ou, para a maioria, Estádio do Maracanã, e Maraca para os mais íntimos, inaugurado no dia 16 de junho de 1950. Palco da final da Copa do Mundo de 1950, da Copa de 2014, finais de Libertadores e tantas outras decisões, o maior templo do futebol chegou ao 70º aniversário na última terça-feira (16).
“Com um pedacinho do Maraca em cada canto do Brasil”, dois alagoanos em especial têm histórias de sobra para contar sobre o estádio carioca.
Tendo em vista o grande momento do futebol brasileiro, a Gazeta de Alagoas resolveu elencar três momentos de alagoanos no gigante de concreto: de Peu à Rainha Marta, os filhos da Terra dos Marechais marcaram seus nomes na longa e bonita história do palco.
Rainha do futebol, Marta Vieira da Silva, nasceu em Dois Riachos, mas foi no Rio de Janeiro que iniciou os passos rumo ao trono do esporte. Cria do Vasco-RJ, a alagoana também chegou a uma das maiores conquistas da carreira na Cidade Maravilhosa, mais especificamente no Maracanã. Foi lá que no dia 26 de julho de 2007, ela alcançou o maior feito do futebol feminino brasileiro: o Brasil faturou a 2ª medalha de ouro no Pan-Americano, e Marta foi peca fundamental desfilando seu talento no “Maior do Mundo”.
Anos antes, o mesmo estádio viu um jovem nascido e criado na “Verde do Mutange” fazer gols históricos com a camisa rubro-negra do Flamengo, Júlio dos Santos Ângelo, o Peu. Entre os momentos marcantes do ex-jogador no Maraca está o duelo com o Fortaleza, pelo Brasileiro de 1981, à época, Taça Brasil. “Foram muitos bons momentos meus no Maracanã e, entre eles, está o jogo contra o Fortaleza, onde vencemos por 8 a 0 e eu marquei dois gols, além de dar assistência para outros gols. Esse jogo até hoje é o que o Flamengo fez mais gols na história do Brasileirão. Por isso me marcou”, disse Peu.
Ele ainda viveu outro grande e inédito momento na história do clube carioca no estádio. Foi em 1982, contra o Guarani. O Mengão se classificou à final daquela edição e o alagoano, após marcar um dos gols da vitória foi até a bandeirinha de escanteio e reverenciou a torcida flamenguista, algo inusitado até aquela data.
Apesar dos relatos de arquivos da época, a imprensa também teve papel crucial para que os alagoanos conhecessem os feitos de Marta e Peu, além de outros conterrâneos, em terras cariocas. Apunhando canetas e microfones, Márcio Canuto e Edson Mauro também transmitiram as emoções do futebol no estádio mais representativo do planeta Terra.
Em 31 de agosto de 1969, o Maraca recebeu o maior público pagante em toda sua história: foram 183 mil na vitória do Brasil sobre o Paraguai por 1 a 0. Naquele dia, um alagoano estava no gramado. Irreverente repórter da Gazeta de Alagoas, à época, Canuto cobriu a partida e disse como aconteceu.
“Um dos principais momentos que vivi no Maracanã foi a vitória do Brasil sobre o Paraguai, com gol de Pelé. Aquele dia foi marcante para mim, pois foi registrado o maior público pagante da história do Maracanã e eu estava ali no meio daquele caldeirão. Inclusive, me aproximei bastante do Saldanha (então técnico da Seleção Brasileira) após este jogo”, contou Canuto.
Dentre outros momentos vividos no templo do futebol, ele lembra o dia em que Jacozinho se destacou no meio de Zico e Maradona. “Outra coisa marcante foi a volta de Zico ao Flamengo onde muitos achavam que seria um jogo de despedida dele. Entre os amigos dele e Maradona estava Jacozinho, que defendia o CSA, e ele se destacou com aquele golaço. Pude fazer a cobertura completa daquele dia e isso marcou muito”.
Aos 21 anos, um jovem alagoano e sonhador deu o primeiro passo com o microfone da Rádio Globo. Edson Mauro conta a curiosa história de sua estreia no Maraca: “Eu estava muito nervoso e contei com a colaboração de um operador da Rádio Globo, que me pediu para retirar o fone do meu lado direito e ele ia me passando tudo, cantando as jogadas até eu me acalmar”, revelou.
* Sob supervisão da editoria de Esportes.