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Nº 5873
Esportes

Camisa 10 do Brasil, a lenda em decl�nio

São Paulo - Marca registrada da Seleção Brasileira durante décadas a fio, a camisa 10 encontra-se atualmente relegada a segundo plano. Símbolo  da era mais gloriosa de nosso futebol, a camiseta eternizada por Pelé hoje se vê mergulhada num processo inev

Por | Edição do dia 19/05/2002 - Matéria atualizada em 19/05/2002 às 00h00

São Paulo - Marca registrada da Seleção Brasileira durante décadas a fio, a camisa 10 encontra-se atualmente relegada a segundo plano. Símbolo  da era mais gloriosa de nosso futebol, a camiseta eternizada por Pelé hoje se vê mergulhada num processo inevitável de descentralização de protagonistas. Foi na Copa de 1958 que a camisa 10 da Seleção Brasileira deixou de ser apenas um pedaço de pano para ganhar status de mito. Vestindo a camisa com este número, Pelé ajudou o Brasil a ganhar não só o Mundial da Suécia como outras duas copas (1962 e 1970). Essa herança acabou se tornando pesada demais para os meias que surgiriam em nosso futebol nos anos seguintes. “A camisa 10 é uma referência do craque do time. Mas a culpa não é só minha. Outros jogadores, como Rivelino, Maradona e Platini contribuíram para dar peso a esta camisa. Depois destes jogadores, quem veste a 10 realmente tem muita responsabilidade”, comentou Pelé. O ingrato fardo que o Rei do Futebol deixou a seus substitutos acabou coincidindo com a dificuldade de afirmação de novos grandes meias-atacantes. Desta forma, a escassez de genuínos camisas 10 nos últimos anos contribuiu para distribuir para outros números o papel principal da Seleção. Zico Talvez o único jogador que tenha conseguido conviver harmoniosamente com a gigantesca responsabilidade de continuar a obra da camisa 10 iniciada por Pelé foi Zico. O ídolo flamenguista usou o número em duas copas, mas o pênalti perdido contra a França, em 1986, e a falta de títulos mundiais acabaram deixando a enganosa impressão na exigente história do futebol de que o Galinho fracassou em sua missão. Depois de Zico, a 10 jamais voltou a encontrar uma identificação ideal com um jogador da Seleção. No Mundial de 1990, a falta de um líder técnico entre os titulares acabou fazendo com que a “dez amarelinha” fosse delegada pelo técnico Sebastião Lazaroni a um reserva, Silas. Preterido às vésperas da Copa, o ex-meio-campo são-paulino acredita que o então treinador da Seleção Brasileira cometeu um equívoco histórico. “Foi uma verdadeira contradição o camisa 10 da Seleção ficar no banco. E esta não era só minha opinião. Praticamente toda a torcida brasileira compartilhava deste pensamento”, comentou Silas, que hoje defende a Portuguesa Santista. Romário Quatro anos mais tarde, a performance impressionante de Romário em gramados norte-americanos acabou ofuscando o sempre celestial brilho da camisa 10 e também os demais jogadores do elenco. Com o número 11, seu inseparável talismã na carreira, o Baixinho se tornou o melhor jogador da Copa e o símbolo da conquista do tetracampeonato. Herói do título, o atacante criou até um slogan para exaltar seu número da sorte de longa data. “Deus é dez, Romário é 11”, costumava brincar o atacante. Os louros da fama de Romário em 1994 foram bem menos generosos ao camisa 10 do Brasil na Copa dos Estados Unidos. Com a camisa mais famosa do futebol internacional, Raí perdeu a condição de titular no segundo jogo da Seleção e acabou assistindo do banco de reservas ao Brasil chegar a seu quarto título mundial. Em 1998, mais uma vez nossa maior esperança em campo dispensava a honra histórica de envergar a 10. O atacante Ronaldo carregou a camisa 9 e foi o principal nome do time de Mário Zagallo no Mundial da França. Por sua vez, coube a Rivaldo a responsabilidade de atuar com a ex-camisa de Pelé. Mesmo no papel de coadjuvante, o meia do Barcelona teve uma boa performance na Copa, acabando por ser eleito o 5º melhor jogador da competição. Às vésperas do início da Copa de 2002, alguns candidatos se postulam à condição de protagonistas da Seleção Brasileira. Além de Rivaldo, que deve ficar mais uma vez com a camisa 10, Ronaldo (9), Ronaldinho Gaúcho (11) e Roberto Carlos (6) estão no primeiro pelotão do time de Luiz Felipe Scolari. Para devolver a magia à camisa que carrega, Rivaldo terá que lutar contra a contusão em seu joelho direito, que, por enquanto, parece estar vencendo o duelo contra o 10 do Brasil. Pelé: “Interesse de clubes prejudica as seleções” São Paulo - Em entrevista publicada pela revista inglesa  “World Soccer”, o brasileiro Pelé  declarou que os jogadores atuais  sofrem mais pressão para defender os clubes do que suas próprias  seleções. O maior jogador de futebol de todos os tempos argumenta que os atletas de hoje evitam desagradar aos treinadores e diretores de clubes. “Eles ficam com medo de desrespeitar as ordens e depois serem proibidos de atuar pelas seleções”, afirmou. Para Pelé, os jogadores estão sendo cada vez mais explorados por contratos milionários e as conseqüências poderão ser vistas no Mundial. “A qualidade do futebol está caindo”, disse o brasileiro. “Pelo menos foi o que percebi nos últimos amistosos a que assisti”. Segundo Pelé, as equipes sul-americanas são as mais prejudicadas. “Se as seleções precisam de seus melhores jogadores, têm que buscá-los na Europa”, apontou. “Ou, então, usar os países onde esse jogadores moram para realizar partidas”, disse Pelé, lembrando casos recentes de Argentina, Equador e Paraguai.

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