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A trajetória de superação e medalhas de um paratleta alagoano
Alexandre Júnior coleciona títulos e este mês ele trouxe duas medalhas do Open Internacional da Europa, em Portugal


Aos 37 anos, o paratleta Alexandre Júnior coleciona histórias de persistência, conquistas e sonhos que atravessam fronteiras. Natural de Alagoas, ele iniciou sua jornada no esporte ainda na adolescência, aos 13 anos, durante uma competição em Caruaru-PE. Naquela estreia, conquistou uma medalha e chamou atenção, abrindo portas para investimentos que mudariam sua trajetória.
EXPECTATIVAS ALTAS E DESAFIOS ALÉM-MAR
Ao se preparar para sua segunda competição do ano, Alexandre manteve uma rotina intensa de treinos. “Eu vinha treinando forte desde o ano passado, tanto que nem tiramos férias”, revelou à Gazeta de Alagoas.
Após competir na Argentina e no Chile, o desafio desta vez foi maior: o paratleta cruzou o oceano para representar o Brasil no Open Internacional da Europa, em Portugal, que aconteceu do dia 11 ao dia 14 de abril. E ele teve uma atuação sensacional em Lisboa. Representando Alagoas com determinação, Alexandre Júnior subiu ao lugar mais alto do pódio nos 100 metros costas no sábado (12), conquistando a medalha de ouro. No dia seguinte, domingo (13), ele garantiu mais um pódio, desta vez com a prata nos 50 metros livres, consolidando sua excelente participação no torneio.

PRIMEIRO PÓDIO INTERNACIONAL
A primeira experiência internacional aconteceu em 2009, em São Paulo, quando Alexandre conquistou duas medalhas de bronze. “Foi muito bom. Minha primeira competição internacional foi aqui no Brasil. Com esse resultado, começamos a competir mais”, recorda. Desde então, ele acumulou participações no Chile, na Argentina, e no Parapan-Americano Universitário de 2021, também em São Paulo.
REDE DE APOIO
Alexandre não mergulha sozinho nas piscinas. Ele conta com o apoio da faculdade onde cursa Direito (bolsista da UMJ), da Secretaria de Estado do Esporte, Lazer e Juventude (Selaj), da farmácia de manipulação A Fórmula, e do técnico Henrique Costa, que também cede espaço para os treinos.
Há dez anos, firmou uma parceria essencial com a Associação Pestalozzi de Maceió, referência no Nordeste no atendimento a pessoas com deficiência. Única em Alagoas habilitada como Centro Especializado em Reabilitação (CER IV), a instituição oferece serviços em saúde, educação, esporte e inclusão social.
“Eu costumo dizer que nunca viajo sozinho. Sempre levo comigo várias pessoas que têm deficiências e que podem se inspirar em mim”, reflete o atleta, destacando o papel da instituição em seu desenvolvimento.
A Pestalozzi, cuja missão é promover a inclusão e a cidadania por meio de ações em assistência social, cultura e esporte, encontrou em Alexandre um verdadeiro embaixador. “A Pestalozzi já tinha atletas em outras modalidades, mas não na natação. Foi uma ótima parceria, com o incentivo da presidente Teresa Amaral ao esporte em Alagoas”, conta.
Na vida pessoal, Alexandre é casado com Anna Rachel, de 37 anos, e pai de Alícia (16) e Arthur (5). “Minha esposa me incentiva muito e quase sempre viaja comigo quando pode, me apoiando à beira da piscina”, diz.

O MOMENTO DE VIRADA
O auge competitivo de Alexandre começou quando passou a representar o Brasil em eventos internacionais, consolidando sua trajetória no paradesporto. “De 2000 para cá, tem sido o melhor momento da minha carreira, com medalhas, reconhecimento e uma vida pessoal mais equilibrada”, afirma.
Com mentalidade competitiva e dedicação total aos treinos, ele reforça sua filosofia: “Saber que treinei bem e me preparei da melhor maneira possível para mostrar o máximo, isso para mim é o mais importante”.
Seus resultados expressivos em torneios no exterior marcaram uma nova fase da carreira, reforçando a confiança no caminho trilhado. “Nós treinamos bem para alcançar o objetivo, que é ganhar medalhas”, repete, com firmeza.
A VISÃO DO TREINADOR
O técnico Henrique Costa acompanha de perto a evolução do atleta. “A preparação para o Cearense foi mais tranquila, mas o Internacional é bem mais difícil. Ele vai nadar mais provas e enfrentar adversários desconhecidos”, avalia.
Segundo Henrique, o apoio do Governo do Estado foi decisivo para custear a viagem. No entanto, parte das despesas ainda é bancada pelo próprio atleta e por patrocinadores. “Sem o governo, ele não iria. Mas também temos o apoio do Sesi, que cede o espaço para os treinos”, complementa.
Com disciplina, foco e o respaldo de uma rede sólida de apoio, Alexandre Júnior segue provando que, na vida e nas piscinas, os limites existem para ser superados.
*Sob supervisão da Editoria