Mandela acusa os EUA de amea�arem a paz mundial
Washington - O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, fez ontem um dos mais duros ataques à política externa da Casa Branca e aos planos dos EUA de atacar o regime de Saddam Hussein no Iraque. Mandela, um dos estadistas mais respeitados do mundo
Por | Edição do dia 12/09/2002 - Matéria atualizada em 12/09/2002 às 00h00
Washington - O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, fez ontem um dos mais duros ataques à política externa da Casa Branca e aos planos dos EUA de atacar o regime de Saddam Hussein no Iraque. Mandela, um dos estadistas mais respeitados do mundo, afirmou que a intervenção americana no Oriente Médio é uma ameaça à paz mundial. Em entrevista à revista americana Newsweek, ele voltou a exortar o governo americano a não lançar um ataque ao Iraque, acusando o presidente George W. Bush de tentar agradar as indústrias de armas e petróleo dos EUA. Se você olhar esses assuntos, vai chegar à conclusão de que a atitude dos EUA é uma ameaça à paz mundial. É claramente uma decisão motivada pelo desejo de George W. Bush de agradar as indústrias de armas e petróleo dos EUA, afirmou ele em referência aos planos de ataque ao Iraque. Mandela disse também que não existem provas contra o Iraque na questão de armas de destruição em massa. Não sabemos que o Iraque tenha armas de destruição de massa. O que sei é que Israel tem e ninguém fala nada sobre isso, completou. Dinossauros Em um dos momentos mais veementes da entrevista, Mandela, de 84 anos, chamou alguns dos assessores de Bush de dinossauros. De acordo com o sul-africano, Cheney é responsável pela posição nada moderna de Bush. Mandela fez ainda questão de dizer que só tem respeito por Colin Powell. Ele lembrou que o apoio dos EUA ao golpe que levou ao poder o xá Reza Pahlevi ao governo do Irã, em 1953, terminou deflagrando a Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ali Ruhollah Khomeini em 1979. O ex-presidente sul-africano lembrou ainda na entrevista que os EUA apoiaram os mujahideen (guerreiros sagrados) na luta contra a União Soviética no Afeganistão na década de 80 - entre eles o terrorista Osama bin Laden. Além disso, Mandela acusou os EUA a recusar agir com as Nações Unidas depois que a retirada soviética do país levou à subida do Talibã.