Os advogados do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, descobriram mais um lote de documentos confidenciais da época que ele foi vice-presidente, noticiou a imprensa americana nesta quarta-feira (11). Na quinta (12), um advogado da Casa Branca detalhou que os papéis estavam numa garagem da casa do então vice-presidente em Delaware. A revelação ocorreu dois dias depois de a Casa Branca ter admitido um achado semelhante num antigo escritório do democrata. Na segunda-feira, a Casa Branca havia anunciado que alguns poucos documentos confidenciais foram encontrados por advogados de Biden, que foi vice de Barack Obama entre 2009 e 2017, em novembro passado num escritório privado usado por ele periodicamente de meados de 2017 até o início de sua campanha presidencial em 2020. Mas esses não teriam sido os únicos documentos descobertos. Segundo a imprensa americana, mais registros confidenciais foram encontrados em outro endereço ligado a Biden. Não se sabe ainda onde esses papéis estavam e nem quando foram localizados. A descoberta do novo lote de documentos foi relevada pela emissora americana NBC News e confirmadas por outros veículos. A Casa Branca ainda não comentou o caso. O primeiro lote de documentos confidenciais foi encontrado por advogados de Biden em novembro passado num escritório do “think tank” Penn Biden Center for Diplomacy and Engagement, em Washington. A organização é afiliada à Universidade da Pensilvânia, onde Biden foi professor honorário entre 2017 e 2019. Segundo o assessor especial do presidente, Richard Sauber, os documentos foram encontrados quando os advogados pessoais de Biden estavam empacotando arquivos que estavam trancados num armário para desocupar o escritório. Ainda no dia da descoberta, a Casa Branca notificou o Arquivo Nacional, que buscou os papéis na manhã seguinte. O Departamento de Justiça dos EUA abriu uma investigação sobre o caso. De acordo com o jornal Washington Post, o FBI também está participando do inquérito. A Casa Branca não respondeu aos questionamentos sobre quando Biden foi informado sobre a descoberta e por que esperou mais de dois meses para divulgar a informação.
Após a revelação da Casa Branca, Biden afirmou que desconhece o conteúdo dos documentos confidenciais. “Meus advogados não sugeriram que eu perguntasse sobre o que eram os documentos. Entregaram as caixas ao Arquivo e estamos cooperando com a investigação”, destacou. “Fui informado sobre essa descoberta e fiquei surpreso ao saber que há registros do governo que foram levados para aquele escritório.”
Por lei, titulares de cargos federais nos EUA devem devolver documentos oficiais e os classificados quando o seu governo termina. Esse não é o primeiro caso recente de documentos públicos localizados em espaços privados usados por políticos nos EUA. Em outro inquérito, o Departamento de Justiça americano está investigando a maneira com o ex-presidente Donald Trump guardou documentos altamente confidenciais em seu resort na Flórida, depois que ele deixou à presidência. O FBI realizou uma busca, que foi aprovado pela Justiça em agosto passado, na propriedade de Trump em Mar-a-Lago. Cerca de 100 documentos confidenciais estavam entre os milhares encontrados no local. Entre os registros, segundo a imprensa americana, alguns continham informações sensíveis sobre a China e o Irã, além de segredos nucleares. Embora lembre o episódio de Trump, a imprensa americana destacou que o caso de Biden tem poucas semelhanças com o do ex-presidente. Os documentos descobertos no escritório privado usado por Biden foram entregues às autoridades, ao contrário do que aconteceu em Mar-a-Lago, onde foi preciso a intervenção do Departamento de Justiça para que os papéis fossem recuperados.
No entanto, a descoberta de mais um lote de documentos que estavam em posse de Biden complica a situação do presidente. Independentemente da investigação, a revelação de que Biden potencialmente possa ter tratado de forma incorreta os registros confidenciais pode comprometer o chefe de Estado, que classificou de “irresponsável” a decisão de Trump de manter centenas de tais documentos na sua mansão na Flórida.