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Conflito

Hamas diz agora que restos mortais de Shiri Bibas podem ter se misturado com de outros cadáveres

Família acusa Netanyahu de ter abandonado reféns, e facção divulga nomes de 6 sequestrados que serão soltos neste sábado

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Israelenses acendem velas em homenagem a Oded Lifschitz e Shiri Bibas e seus dois filhos, Kfir e Ariel
Israelenses acendem velas em homenagem a Oded Lifschitz e Shiri Bibas e seus dois filhos, Kfir e Ariel | Foto: Reuters

Após Israel afirmar que o corpo entregue pelo Hamas como sendo o de Shiri Bibas não bate com os registros de nenhum dos reféns, o grupo terrorista disse nesta sexta-feira (21) que pode ter misturado restos mortais ao devolver os cadáveres da família Bibas. A entrega, feita em meio a um desfile militar do Hamas, causou indignação em Israel e colocou em risco o frágil cessar-fogo na Faixa de Gaza.

O Hamas disse, sem apresentar provas, que a mistura pode ter acontecido devido ade um suposto ataque aéreo de Tel Aviv. O grupo terrorista afirmar que vai "realizar uma investigação" sobre o caso.

Mais tarde nessa sexta, a imprensa israelense disse que o Hamas entregou o verdadeiro corpo de Shiri Bibas à Cruz Vermelha. A informação não foi confirmada oficialmente por Tel Aviv, apenas por autoridades sob anonimato e pelo menos um comandante do grupo terrorista. O cadáver entregue estaria sendo analisado em um instituto forense.

O episódio fez o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmar que o grupo pagará caro pela "violação cruel" do acordo de cessar-fogo. Trata-se de mais um abalo na já frágil trégua que, há cerca de um mês, interrompeu uma guerra de 15 meses na Faixa de Gaza.

Apesar disso, o Hamas divulgou, também nesta sexta, a lista de nomes dos seis reféns que serão libertados no próximo sábado (22) em troca de 602 prisioneiros e detidos palestinos, como estava previsto nas negociações. Os israelenses devolvidos serão Eliya Cohen, Omer Shem Tov, Tal Shoham, Omer Wenkert, Hisham al-Sayed e Avera Mengisto —os dois últimos são civis que entraram em Gaza há cerca de uma década e têm sido mantidos lá desde então.

Sequestrada no sul de Israel no dia 7 de outubro de 2023, a família Bibas se tornou um símbolo da brutalidade dos ataques do grupo terrorista naquele dia —Yarden, marido de Shiri, também foi sequestrado, assim como os filhos deles, Kfir e Ariel, que tinham oito meses e meio e quatro anos de idade à época do atentado.

Nessa sexta, a família Bibas afirmou que Netanyahu não protegeu seus parentes durante o ataque do Hamas, em 2023, e nem após o sequestro, em Gaza.

"Não há perdão por tê-los abandonado em 7 de outubro, e não há perdão por tê-los abandonado em seu cativeiro. Primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, não recebemos nenhuma desculpa sua neste momento doloroso", declarou, em um comunicado, Ofri Bibas, irmão de Yarden. Ele disse ainda que a família aguarda mais informações sobre o destino de Shiri.

Netanyahu emitiu comunicado em que afirma que o mundo civilizado deveria condenar "esses assassinatos horríveis". "Quem sequestra uma criança pequena e um bebê e os assassina? Monstros. Comprometo-me a não desistir de meus esforços até que os selvagens que executaram nossos reféns sejam levados à Justiça."

Mais jovens entre os 251 reféns da facção, as crianças não foram libertadas em um acordo de troca por prisioneiros e detidos palestinos, mulheres e menores de idade, em uma breve trégua no final de novembro de 2023. Na ocasião, o Hamas disse, sem apresentar provas, que os dois haviam sido mortos em um ataque aéreo israelense, assim como a sua mãe —o pai das crianças foi feito refém separadamente e libertado no último dia 1º.

Ao longo dos últimos meses, Tel Aviv disse não ter conseguido verificar a afirmação. Nesta quinta, porém, especialistas disseram que as crianças foram "brutalmente assassinadas a sangue frio" pelos terroristas que "os mataram com as próprias mãos" apenas um mês depois de serem sequestradas, segundo a imprensa israelense. No momento da morte, Ariel teria 4 anos de idade e Kfir, dez meses.

"Essa é uma grave violação [do acordo de cessar-fogo] por parte dos terroristas do Hamas", disseram os militares israelenses. "Exigimos que o corpo de Shiri seja devolvido. Compartilhamos o luto da família Bibas nesse momento difícil e faremos todos os esforços para garantir que os reféns estejam de volta o mais rápido possível."

O governo da Argentina decretou dois dias de luto nacional e expressou "sua mais enérgica condenação ao grupo terrorista Hamas após a confirmação do assassinato das crianças" Bibas. Shiri tem origem argentina.

O membro do Hamas Basem Naim disse que "erros infelizes" poderiam ocorrer, especialmente porque os bombardeios misturaram corpos de reféns israelenses e palestinos, milhares dos quais ainda enterrados nos escombros. "Confirmamos que não está em nossos valores ou interesse manter quaisquer corpos ou não cumprir os pactos e acordos que assinamos", disse ele em um comunicado.

A Cruz Vermelha, que recebeu os caixões em Gaza, disse à agência de notícias Reuters que não participa da triagem, seleção ou exame dos corpos. "Esta é responsabilidade das partes em conflito", afirmou a organização humanitária.

A entidade, no entanto, disse estar "preocupada e insatisfeita" com a forma como as operações de libertação de reféns do Hamas ocorreram. A facção organizou um desfile e posicionou os caixões de quatro reféns mortos em cativeiro em um palco.

Um grande cartaz foi pendurado no local da entrega, retratando Netanyahu como um vampiro sobre as imagens dos quatro reféns mortos. "O criminoso de guerra Netanyahu e seu Exército nazista os matou com mísseis de aviões de guerra sionistas", dizia o cartaz.

Na quinta, quando os corpos foram entregues, a Cruz Vermelha já havia afirmado que essas operações "devem ser realizadas em privado para o máximo respeito ao falecido e aos enlutados". "Fomos inequívocos: todas as libertações, tanto de vivos como de falecidos, devem ser feitas com dignidade e privacidade", disse a organização.

A falha em devolver o corpo de Shiri e a encenação pública na entrega dos quatro caixões causaram indignação em Israel e provocaram uma ameaça de retaliação de Netanyahu.

"Vamos agir com determinação para trazer Shiri para casa junto com todos os nossos reféns —vivos e mortos— e garantir que o Hamas pague caro por essa violação cruel e maligna do acordo", disse ele em um comunicado por vídeo, acusando o Hamas de agir "de maneira indescritivelmente cínica" ao colocar o corpo de outra mulher no lugar da israelense.

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