Viçosa tem riqueza cultural e intelectual como atrativos turísticos
Cidade no interior de Alagoas atrai turistas que buscam descansar e aproveitar o clima rural e histórico
Por Thauane Rodrigues* | Edição do dia 27/05/2023 - Matéria atualizada em 27/05/2023 às 05h04
Carregando os títulos “Atena das Alagoas” e “Princesa das Matas”, a cidadezinha de Viçosa é cheia de encantos e histórias que atraem turistas interessados em atrativos diferenciados e descanso rural. O destino criativo, a 90 km de Maceió, tem trilhas ecológicas, monumentos e prédios históricos, além de uma rica gastronomia. Pode-se dizer que aquela cidade que mais parece um cenário de novela, é um dos paraísos a serem descobertos e explorados no interior de Alagoas.
Acolhedor e aconchegante, o município arrematou, pelo segundo ano consecutivo, o Prêmio Alagoano de Turismo e Gastronomia, na categoria Destaque da Região Serrana. A cidade, que tem 191 anos de emancipação política, é também conhecida como “terra da poesia” e “berço da cultura alagoana”, carregando consigo o amor às artes e uma história cultural que é motivo de orgulho para os viçosenses.
A história de Viçosa, no entanto, é bem mais antiga, assim como suas tradições e manifestações culturais. O local abrigou quilombos, engenhos e até grandes fábricas no passado, fazendo parte da história de Alagoas e até do Brasil.
O que pode ser encontrado por quem quiser se aventurar nesse destino rural são campos verdes, matas, trilhas e casarios antigos. Um dos atrativos históricos é a Serra Dois Irmãos, local apontado como refúgio quilombola e local de morte de Zumbi dos Palmares.
A cidade começou, segundo os saberes locais, com um padre que saía de Atalaia para rezar a missa do galo em Quebrangulo, mas foi impedido devido ao transbordamento do rio, o Riacho do Meio. O sacerdote encontrou um lugar seguro, deu continuidade à missão, ergueu uma cruz e celebrou a missa de Natal. A cruz atraiu romeiros, os primeiros a erguerem habitações no novo lugar.
Pouco a pouco a pequena Viçosa ganhava vida, história e cultura, principalmente com a chegada dos escritores ao local, sendo considerada uma cidade mágica desde os primórdios, tendo influências da cultura popular que passeiam pelas artes e escritos de Théo Brandão, José Aloísio Vilela, Graciliano Ramos e muitos outros.
Amada pelos cidadãos viçosenses, um dos moradores que carrega com orgulho o fato de ser um alagoano de Viçosa, é o escritor Audálio Honorato. Ele faz questão de eternizar nas palavras a admiração e afeto pela cidade. No livro “Viçosa viva”, escrito em 2006, o viçosense trouxe para os leitores a história da cidade contada em versos.
“Minha Viçosa tem tudo que você imaginar. Tem clube, hospital, igreja, uma vasta rede escolar. Gente bonita a capricho, até com nome de bicho é muito fácil encontrar…”, diz um verso presente no livro.
Entre as maravilhas citadas pelo autor estão a Cachoeira do Anel, as casas antigas que carregam a história da cidade e a Fazenda Bananal, que mostra para o mundo detalhes da época da escravidão no Brasil.
Além dos pontos históricos, o escritor também ressalta a importância de citar a potência artística dos mestres da cultura popular da cidade, como Mestre Sebastião Guerreiro, Mestre Daniel, Maria Odilon e muitos outros.
“As pessoas precisam conhecer Viçosa para sentir o nosso clima, nosso turismo rural, conhecer os nossos hotéis, casarões, as trilhas por onde passaram Graciliano, Paulo Gracindo e tantas outras pessoas. Viçosa é cheia de atrações”, afirmou Audálio.
Neste ano, o mundo também pode conhecer um pouco mais de Viçosa através do livro “Cem Causos da Viçosa das Alagoas”, que com poemas e vivências proporciona aos leitores momentos de reflexões, viagens no tempo e até mesmo de reconhecimento.
Com mais de 300 páginas, é possível conhecer um pouco mais sobre a tão amada Viçosa, por meio de causos “com brincantes e folguedos”, “Causos da infância”, “Causos da juventude”, “Causos de aventura”, “Causos de família”, “Causos de fatos curiosos”, “Causos de fé e religiosidade”, “Causos de festas e comemorações”, “Causos de personagens populares”, “Causos de travessuras e traquinagens”, “Crônicas pitorescas do lugar”, “Histórias de vida” e “Poéticas da paisagem”.
*Sob supervisão da editoria da Revista Maré