Tambores de guerra
A. SÉRGIO BARROSO * Durante quase sete anos de atividade contínua de inspeção por parte da ONU, já foi certificado que o Iraque está desarmado em entre 90 e 95 por cento (Scott Ritter, ex-inspetor de armas da ONU, 8/9/2002). Juntou-se às declaraçõe
Por | Edição do dia 13/09/2002 - Matéria atualizada em 13/09/2002 às 00h00
A. SÉRGIO BARROSO * Durante quase sete anos de atividade contínua de inspeção por parte da ONU, já foi certificado que o Iraque está desarmado em entre 90 e 95 por cento (Scott Ritter, ex-inspetor de armas da ONU, 8/9/2002). Juntou-se às declarações de Ritter, outras igualmente impressionantes. O renomado escritor norte-americano Gore Vidal, disse neste último domingo: Fomos para lá (Afeganistão) não para tirar Bin Laden e termos nossa vingança, mas em parte porque a empresa californiana Unocal tinha feito um acordo com o Taleban para construir um oleoduto que lhe desse acesso ao petróleo do mar Cáspio, a maior reserva petrolífera do mundo. Tal acordo seria tremendamente lucrativo, à medida que essas empresas têm suas ligações com Bush, D. Cheney, D. Rumsfeld ou algum outro membro da Junta do Gás e do Petróleo, que com o pentágono governam os EUA (F. S. Paulo, 8/9/2002). Também assegura Kate Clark, jornalista do The Independent: Quando ministro do Exterior do Afeganistão, o descontente Ahmed Wakil Muttawakil (desde 2/2002 sob custódia das forças dos EUA), por um assessor direto, informou em julho do ano passado, ao FBI e à CIA, e posteriormente à ONU, que o ataque da Al Qaeda aos EUA seria devastador; e que Tahir Yildash, líder do movimento islâmico no Uzbequistão e aliado do Taleban, avisara bem antes que Osama esperava matar milhares de pessoas, quando 19 integrantes da Al Qaeda já estavam nos EUA (J.B., 7/9/2002, A- 8). Não custa lembrar. Imperador, Napoleão Bonaparte anotava, cada detalhe das frases de O Príncipe, do grande teórico do Estado moderno, N. Maquiavel. Lá pras tantas, no capítulo Da conquista do principado por meio do crime, o florentino, comentando a descontrolada violência de Agátocles (tirano de Siracusa), diz, expressamente, que não se pode chamar de valor matar os concidadãos, trair os amigos, revelar-se sem fé, sem piedade, sem religião: por tais meios pode-se conquistar o poder, mas não a glória. Ao que comenta então Napoleão: Preocupações pueris! A glória acompanha o êxito, seja qual for o meio empregado para alcançá-lo. Por sua vez, o elogiado capitão britânico - os generais escutavam-no, dizem - B. H. Liddell Hart, fez acurado exame dos erros de Napoleão, encontrando várias coincidências de seu pensamento estratégico, aos do psicopata e genocida Hitler. Assim como Napoleão afirma Hart -, Hitler conduzia a guerra sem maiores preocupações com o estado de paz que se seguiria. Também por isso, buscando provar a natureza irresistível de seus ataques, ofensivos a todo custo, os alemães enfraqueceram suas próprias defesas, em muitos campos, como o estratégico, o econômico e, acima de tudo, o psicológico, observa Hart (As grandes guerras da história). Nos dias que correm, estamos a viver uma crítica situação internacional. Não sem razões o jornal Financial Times, alertando sobre as conseqüências de um prolongamento da recessão nos EUA, intitulou um editorial em O mundo sob o risco de estagnação, (F. S. Paulo, 01/9/2002). Ao insistir na guerra contra o Iraque, perdendo apoio dentro e fora dos EUA, G. W. Bush pode, perfeitamente empurrar o mundo a uma revolta sem precedentes contra um império furioso. EUA dirigido por um especialista em pena de morte - um idiota, disse-o Gore Vidal. Bush, que nada tem de Maquiavel ou Napoleão. No máximo, é uma caricatura de Goebbles, o ministro nazista que simulando a verdade, repetia mentiras seguidamente. (*) É MÉDICO E SINDICALISTA