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Nº 5882
Opinião

O que essas vozes querem calar?

Como se diz, o show não pode parar. E o debate público sobre a questão das biografias não autorizadas continua atraindo, com justas razões, a atenção do distinto público. As luzes acendem-se sob e sobre a ribalta, expõem-se também coxias e camarins onde a

Por | Edição do dia 07/11/2013 - Matéria atualizada em 07/11/2013 às 00h00

Como se diz, o show não pode parar. E o debate público sobre a questão das biografias não autorizadas continua atraindo, com justas razões, a atenção do distinto público. As luzes acendem-se sob e sobre a ribalta, expõem-se também coxias e camarins onde agora esgrimam entre si astros e estrelas neodefensores da velha censura prévia. Assaz positivo e pertinente, o debate traz ao palco transformações significativas no pensamento e práxis de alguns dos mais emblemáticos nomes da arte brasileira. Notadamente têm soltado a voz com mais veemência nesta pendenga as personalidades cantantes, como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Caetano, Djavan, Chico Buarque, Milton Nascimento, Marisa Monte, dentre outras grandes figuras. Como se lê, nomes que se notabilizaram até então pela defesa das mais amplas liberdades (inclusive de expressão literária, lógico) durante os anos mais duros sofridos sob o último dos regimes autoritários brasileiros. Mudaram. Por que mudaram? Há quem suponha nossos heróis de 68 estarem nos dias em curso traduzindo o vocábulo cifras apenas em seu significado pecuniário, menosprezando o sentido musical do termo. Acreditar que tão badalados seres, sempre dispostos a escancarar suas intimidades, sem quaisquer pejos, para a mídia especializada, estejam pleiteando verdadeiramente o direito à intimidade é pura ingenuidade. Ao fim e ao cabo, percebe-se que essas luminosas criaturas bafejadas pelos deuses da arte, creem-se seres superiores aos reles mortais. Em resumo, ninguém teria o direito de biografar astros e estrelas, embora qualquer um possa escrever qualquer coisa sobre políticos e empresários, por exemplo. Mas dizer algo que não seja merchandising sobre um desses nomes sagrados das artes, nem pensar. Pilhados em flagrante ridículo pela opinião pública, os neocensores trombam entre si. Um de seus mais luminosos astros, o rei Roberto Carlos, passou a remar diferente do grupo “Procure Saber”. Mas, como há males que vêm para o bem, esta é a melhor hora para se definir um marco legal, normatizando o direito (inalienável, porém não inimputável) de se escrever biografias alheias.

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