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Nº 5882
Opinião

Um dia que deveria vicejar o ano todo

Mais um 20 de Novembro e, novamente, uma pergunta que não quer calar: Alagoas está respondendo à altura ao potencial do Quilombo dos Palmares e de Zumbi? Aparentemente, não. É gigantesco o potencial – em todos os campos – da herança do Quilombo dos Palma

Por | Edição do dia 20/11/2013 - Matéria atualizada em 20/11/2013 às 00h00

Mais um 20 de Novembro e, novamente, uma pergunta que não quer calar: Alagoas está respondendo à altura ao potencial do Quilombo dos Palmares e de Zumbi? Aparentemente, não. É gigantesco o potencial – em todos os campos – da herança do Quilombo dos Palmares. Do ponto de vista étnico e ético, é monumental o valor do sítio histórico da maior comunidade livre, formada por escravos rebelados, em luta aberta contra o regime escravocrata. Aqui, em Alagoas e não noutro endereço – foi plantada a maior parte, e a capital, da vasta área que reuniu os escravos fugidos das senzalas em toda a região. Vários mocambos (povoados ou vilas) foram se formando e se espalhando sob a coordenação da Cerca Real dos Macacos, solidamente incrustada no alto do Outeiro do Barriga (localizado no atual município de União dos Palmares). Este centro de comando foi o alvo do desejo de destruição dos escravocratas durante quase um século, desde o início dos anos 1600 até 1694, quando as tropas comandadas pelo bandeirante Domingos Jorge Velho conseguiram vencer a resistência dos bravos defensores da cidadela negra. Zumbi, líder inconteste da revolta final, só foi localizado e assassinado quase dois anos depois da queda da capital do Quilombo, oculto num esconderijo localizado no sumidouro da Serra Dois Irmãos, área localizada no atual município de Viçosa. Essa epopeia tem, assim, seus dois pontos geográficos mais importantes situados em Alagoas, nas serras Dois Irmãos e da Barriga, em Viçosa e União dos Palmares. Temos, portanto, os dois mais emblemáticos focos referenciais para um dos acontecimentos históricos mais importantes das Américas em termos da luta contra a escravidão. E o que fazemos em relação a esse patrimônio? Festejar o 20 de Novembro não basta. Lógico que a data deve ser objeto de grandes manifestações, afinal isto é algo maior que uma tradição – é uma obrigação cidadã. Mas o fundamental é Alagoas manter acesa as chamas do Quilombo dos Palmares durante o ano todo, todos os anos. Todo o perímetro do Quilombo, da Serra da Barriga à Serra Dois Irmãos, e além, abarcando os pontos nos quais viveram os vários mocambos, deve ser objeto de um planejamento e um plano de ação permanente. É o mínimo que Alagoas pode fazer em prol de seu próprio patrimônio histórico e antropológico.

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