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Nº 5882
Opinião

Uma t�nue chance de paz e seus riscos

Finalmente, um acordo de paz em torno do projeto nuclear iraniano deu passos significativos. O mundo suspira um pouco da esperança de redução das terríveis tensões sobre o Oriente Médio, para desespero dos defensores da guerra e do morticínio. Paz, mesmo

Por | Edição do dia 27/11/2013 - Matéria atualizada em 27/11/2013 às 00h00

Finalmente, um acordo de paz em torno do projeto nuclear iraniano deu passos significativos. O mundo suspira um pouco da esperança de redução das terríveis tensões sobre o Oriente Médio, para desespero dos defensores da guerra e do morticínio. Paz, mesmo se considerando o sucesso do acordo ora alinhavado, é algo difícil para aquela explosiva região, mas – inegavelmente – a disposição de entendimento entre Teerã e Washington é uma enorme (e inesperada) chance de desarmamento dos espíritos radicais que insistem em assombrar o mundo a partir daquele epicentro. O acordo confirma o esforço da Casa Branca em sair da espiral de provocações na qual se meteu (e meteu o resto do globo) desde que a Revolução Iraniana de 1979 sacudiu o mundo islâmico. Confirma-se também a validade e a propriedade da operação de entendimento solicitada por Barack Obama ao então presidente Lula e ao primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, em maio de 2010. Para surpresa dos abutres mais radicais, a operação avançou com o aceitamento por parte do hostilizado Mahmoud Ahmadinejad das condições levadas pelos líderes do Brasil e da Turquia. Perplexos com o risco de pacificação, os defensores da guerra jogaram pesado contra o presidente dos Estados Unidos, forçando a Casa Branca a renegar a proposta costurada naqueles dias. Três anos depois, desta vez apelando para negociações secretas que se estenderam por mais de dois anos, um acordo foi construído em torno da política nuclear iraniana – o que tem colocado os urubus de plantão à beira de um ataque de nervos. Os governos de Israel e da Arábia Saudita, apesar de inimigos viscerais entre si, protestaram contra a perspectiva de um acordo de Paz com o Irã, mas os Estados Unidos, apesar de fidelíssimo aliado de ambos, não emitiu sinais de que tenha se intimidado com as imprecações das autoridades sauditas e israelenses. Sem dúvida que Barack Obama terá de se preocupar com as ameaças de sauditas e israelenses, mais estes que aqueles, a bem da verdade. O plano de paz com o Irã nem bem nasceu, mas já corre risco de sofrer um infanticídio. A guerra, independente de Teerã ter ou não ter acesso à tecnologia nuclear, é interesse central de muita gente poderosa no Oriente Médio. E nos Estados Unidos também.

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