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Nº 5865
Opinião

Juventude em perigo

Chega ao meu consultório um pai aflito, cujo filho adolescente, meu cliente desde pequeno, apresenta sinais evidentes de que enveredou pelos caminhos das drogas. Aquele pai angustiado não entende por que tudo isto aconteceu. Filho único, criado com muito

Por | Edição do dia 28/04/2018 - Matéria atualizada em 28/04/2018 às 00h00

Chega ao meu consultório um pai aflito, cujo filho adolescente, meu cliente desde pequeno, apresenta sinais evidentes de que enveredou pelos caminhos das drogas. Aquele pai angustiado não entende por que tudo isto aconteceu. Filho único, criado com muito carinho, e até em excesso. Sua mãe, muito católica, está em desespero. O pai, meu amigo, queria uma orientação: a quem levá-lo nessa situação. No meio de tantos dissabores sempre surge aquela tradicional pergunta: “Onde foi que eu errei”? O problema é complexo, pois tem raízes múltiplas. Causas psicológicas são apontadas, talvez existenciais, más companhias, desejo de afirmação, entre tantas outras. Educar é uma tarefa difícil, tendo inúmeras facetas, porque cada cabeça é uma cabeça, com reações individuais aos estímulos recebidos. No caso desse jovem ele sempre foi muito amado, tinha tudo o que sonhava; os pais não viam limites para fazê-lo feliz. Talvez ele tenha crescido um tímido, frágil e diante de colegas agressivos não quis demonstrar fraqueza, indo na “onda” deles. Esse caso é uma exceção, porque, na grande maioria, os jovens adolescentes que fazem uso de drogas são resultantes de lares desajustados, em que a droga serviu de fuga para suas angústias. O mundo atual é completamente diferente daquele de 30 anos atrás. É que hoje tudo é normal, não tendo limites o comportamento humano. E o jovem sente esse impacto nessa competitividade em que ele tem de participar para não ficar jogado. Eles estão dentro de um carrossel no qual correm, correm sem parar; só assim podem ser vistos e admirados. Quando eles não conseguem manter esse ritmo ficam deprimidos e entram em choque com os pais. É, assim, imprescindível o diálogo diário dos pais com os filhos adolescentes, dando-lhes força, entusiasmo e mostrando-lhes o perigo do uso das drogas em suas vidas. Mostre-lhes, caros pais, que é uma viagem sem volta e a perda do sentido da vida. Toda droga lesa o sistema nervoso e o rapaz ou a moça, quando viciados, dificilmente conseguem uma recuperação plena. O melhor é prevenir. Assim, todos nós temos o dever de alertá-los, de exercer o papel de bom samaritano, dando-lhes apoio e orientação. Ninguém pode ficar distante do problema quando sabemos que um jovem está no caminho errado. Nessa caminhada terrena o adolescente vive uma fase de muita instabilidade emocional, de insegurança, de conflitos com os pais, porque eles acham que tudo é normal, quando não é. É preciso, então, paciência para tentar fazê-los entender o certo e o errado. É uma fase difícil no relacionamento com os pais. A vida é uma sucessão de momentos. Momentos bons, neutros e amargos. Felizes os que sabem contornar os obstáculos com altivez. A vida moderna é cada vez mais complicada. A vida, o mundo e a sociedade. Viver exige uma busca constante de equilíbrio. Aos pais nessa situação eu diria que esse momento dói; é como se fosse um arado cavando a terra. Porém, tenham a certeza de que o melhor remédio para o seu filho é o amor que vocês dedicam a ele. Ele vai entender que a sua casa é o seu paraíso.

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