Vamos para onde?
Quando o presidente Lula anunciou, há pouco tempo, um formidável corte nos gastos públicos para atender à nova meta de elevação do superávit primário (exigência do acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional/FMI, no ano passado), as principais auto
Por | Edição do dia 26/04/2003 - Matéria atualizada em 26/04/2003 às 00h00
Quando o presidente Lula anunciou, há pouco tempo, um formidável corte nos gastos públicos para atender à nova meta de elevação do superávit primário (exigência do acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional/FMI, no ano passado), as principais autoridades da área econômica apressaram-se em garantir que não haveria cortes nos gastos sociais. Não foi o que aconteceu: todos os ministérios, uns mais outros menos, sofreram redução em seus orçamentos. Para um governo que foi eleito sob o signo do compromisso com os mais necessitados, o corte nos gastos sociais provoca em alguns setores de sua base aliada, notadamente no Partido dos Trabalhadores (PT), um certo desconforto com a orientação seguida até agora pela área econômica. O projeto Primeiro Emprego, um dos programas prioritários do governo federal, teve que ser adiado por falta de recursos e por resistências do Ministério da Fazenda em aceitar isenções fiscais para as empresas que empregassem jovens. Isso deve ser contabilizado como prejuízo político. Mais a inquietação maior dos descontentes com os rumos da política econômica do país não é nem com o cumprimento do acordo com o FMI que expira em dezembro próximo, mas com o planejamento estratégico de nossa economia. Pelas voz abalizada da economista Maria da Conceição Tavares, a se seguir o que preconiza a área econômica do governo, através do documento Política Econômica e Reformas Estruturais, o Brasil irá acabar com a universalização dos benefícios sociais. Segundo o que a economista declarou à imprensa, somos o único país da América Latina que tem políticas universais. A focalização foi experimentada e empurrada pelo Banco Mundial na goela de todos os países e deu uma cagada (sic). Não funciona nada. Desmontaram o sistema de saúde pública do Chile, que era o melhor da América Latina, desmontaram a previdência e fizeram fundos de pensão e deu outra cagada (sic), desmontaram o sistema de ensino público e foi a mesma coisa. Sem papas na língua, a respeitável economista oferece exemplos concretos. Será esse o caminho do Brasil?