Perplexidade
GILBERTO DE MACEDO * É o estado de surpresa, de espanto, diante de um novo acontecimento desagradável e indesejável. Ameaçador! Percebido com imediatez, não dá tempo à fuga emocional. Um impacto. E que no primeiro momento, fica-se em dúvida, sem quem
Por | Edição do dia 01/05/2003 - Matéria atualizada em 01/05/2003 às 00h00
GILBERTO DE MACEDO * É o estado de surpresa, de espanto, diante de um novo acontecimento desagradável e indesejável. Ameaçador! Percebido com imediatez, não dá tempo à fuga emocional. Um impacto. E que no primeiro momento, fica-se em dúvida, sem quem acreditar na sua ocorrência inesperada ou imaginada. É o suspense! O estado de ânimo que afeta a humanidade nos tempos de hoje. O impossível acontece! Uma nova guerra, depois do que Hitler fez, e levou ao morticeiro da Segunda Guerra Mundial? Criar-se um aterrorizante clima de guerra? Pois como dizia o padre Antônio Vieira: É a guerra aquele monstro, que se sustenta do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta. E, agora, diante da estupidez, o que fazer? Fugir da realidade, fazer de conta que nada aconteceu de extraordinário, que tudo isso é natural, é comum? Procurar sublimar-se na meditação religiosa, alimentando a esperança de um milagre? Ou se envolver nas tarefas intelectuais, conforme a aptidão, compondo e ouvindo música, pintando e admirando paisagens, escrevendo e recitando poesia, e outras formas de criação estética? É possível viver isolado totalmente do mundo, não ouvir noticiários, nem ler jornais? Criar um espaço de beleza e viver dentro dele? Ou negar a própria consciência e embrutecer os sentimentos e aderir aos sócios de Hitler para usufruir as glórias da guerra? Aqui não esquecer da frase de Madame de Stael, bem cabível: A glória é um luto ostentoso da felicidade. Só resta, então, lutar. Fazê-lo com as armas do bem, pregando a paz, a virtude, o bem. Apelando para que os governantes cumpram as promessas de proteger a humanidade, aperfeiçoando a sociedade, fazendo a reconstrução desta através da única forma correta: a educação revolucionária, que forma a consciência crítica, fundamentada nos valores. Pois sem esta consciência, a tecnologia para a qual nada é impossível, como alguém já advertiu irá fazer clones de algum resto mortal de Adolfo Hitler, escondido em algum museu secreto. Perplexidade! Mas educação sim; irá levar a um futuro merecido pela humanidade tão sofredora. É um direito das novas gerações e obrigação da atual. O papa Clemente XIV já dizia: Um homem torna-se tudo ou nada, conforme a educação que recebeu. Portanto, substituir a infâmia da mentalidade bélica pela dignidade da consciência da paz. Dar à diplomacia o seu merecido e justo papel nas atividades políticas. Para isso foi instituída pela sociedade civilizada. A perplexidade da humanidade clama por isso. (*) É MÉDICO