Bom pastor
Dom José Carlos Melo, CM* Neste domingo, a Igreja em sua liturgia faz uma referência especial à figura de Jesus Cristo O Bom Pastor que apascenta o rebanho, entendido como o povo de Deus. Em sua sensibilidade e delicadeza de expressão, na realização da
Por | Edição do dia 11/05/2003 - Matéria atualizada em 11/05/2003 às 00h00
Dom José Carlos Melo, CM* Neste domingo, a Igreja em sua liturgia faz uma referência especial à figura de Jesus Cristo O Bom Pastor que apascenta o rebanho, entendido como o povo de Deus. Em sua sensibilidade e delicadeza de expressão, na realização da missão recebida do Pai, o próprio Cristo se identificou como O Bom Pastor: Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá sua vida por suas ovelhas. (Jo 10,11). Segundo as próprias palavras de Jesus, entendemos Pastor como o condutor, aquele que guia com segurança, que conhece nominalmente, que alimenta e dá a vida por suas ovelhas. A figura bíblica do pastor tem suas raízes no Antigo Testamento, quando Deus se dirige a seu povo e manifesta sua solicitude amorosa através do profeta Jeremias: Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração. (Jer 3,15). Sem dúvida, com estaspalavras Deus promete ao seu povo que jamais o deixará privado de pastores que o reúnam e guiem: Eu estabelecerei para elas, as minhas ovelhas, pastores que as apascentarão, de sorte que não mais deverão temer ou amedrontar-se. (Jer 23 ,4) . A Igreja, Povo de Deus, experimenta através dos tempos a realização deste anúncio profético e sabe que o próprio Jesus Cristo é o cumprimento vivo, supremo e definitivo da promessa de Deus. E a Carta aos Hebreus declara que Ele é o grande Pastor das ovelhas, que confiou aos apóstolos e aos seus sucessores o ministério de apascentar o rebanho de Deus. Na verdade, por três vezes Jesus pergunta: Pedro, tu me amas? e, em seguida, diante da resposta afirmativa de Pedro, acrescenta: Apascenta as minhas ovelhas. ( Jo 21 ,15-17). De fato, sem sacerdotes e sem pastores, a Igreja jamais poderia viver aquela indispensável obediência que está na razão da sua existência e da sua missão através da história - a obediência de Jesus que ordena: Ide, pois ensinai todas as nações...Fazei isto em minha memória. Mas, no exercício de sua missão e na obediência à ordem recebida do Senhor, é necessário que a Igreja se apresente, ela mesma, numa perfeita sintonia e semelhança com Cristo, o Bom Pastor. Intimamente identificada com ele, sua postura, seu modo de ser e de agir e suas linhas de ação devem refletir o coração do Bom Pastor; reconduzindo ao aprisco a ovelha perdida, alimentando a faminta, levando a águas refrescantes a sedenta e defendendo a desprotegida. Por isso mesmo, comoreflexo da ação de Cristo, o Bom Pastor, a ação da Igreja recebe o nome de Pastoral. Em sua variedadede formas e finalidades específicas, nela existem as Pastorais, que devem ser presença e expressão da Igreja. Para serem genuínas, importa que em sua ação elas estejam em perfeita comunhão e obediência aos pastores da Igreja que recebem de Cristo o cuidado do rebanho. Além disso, para ordenar devidamente suas atividades pastorais, a Igreja periodicamente realiza um Plano Pastoral, definindo seus objetivos, suas diretrizes, em níveis nacional, regional e diocesano. Esta foi uma das finalidades da recente Assembléia Geral da CNBB, em Itaici. Enfim, a fidelidade em ouvir a voz do Bom Pastor garantirá a unidade desejada e assegurada por Jesus: E haverá um só rebanho e um só pastor. ( Jo 10,16). (*) É arcebispo Metropolitano de Maceió