Curvas perigosas
Margareth Tatcher, ex-primeira-ministra da Inglaterra, é considerada uma das ícones do neoliberalismo. É justo que assim seja, pois a Dama de Ferro, além de ser a primeira mulher a ocupar aquele posto inglês, foi pioneira na implementação prática da polít
Por | Edição do dia 17/05/2003 - Matéria atualizada em 17/05/2003 às 00h00
Margareth Tatcher, ex-primeira-ministra da Inglaterra, é considerada uma das ícones do neoliberalismo. É justo que assim seja, pois a Dama de Ferro, além de ser a primeira mulher a ocupar aquele posto inglês, foi pioneira na implementação prática da política neoliberal no mundo. Em todos os cantos do globo é comum seu nome ser citado, pelos conservadores, com louvor, e ser xingado, com furor, pela esquerda. Os dois lados têm razão, pois Margaret Tatcher (juntamente com Ronald Reagan, então presidente dos Estados Unidos) soube transformar a teoria em prática, passando a ser uma referência da globalização. Pois quem diria Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Lula, a citou, como exemplo, no almoço com a bancada tucana na Câmara Federal. Destaque-se que nem Fernando Henrique Cardoso se excedeu a esse ponto, talvez por temer confirmar o rótulo de neoliberal que sua política atraía. Segundo importantes jornais de circulação nacional, o presidente Lula teria citado a ação de Tatcher quando destroçou o antigo sistema previdenciário inglês só foi entendida como positiva 20 anos depois. Ou seja, a eliminação de conquistas trabalhistas que faziam parte do contrato social inglês desde o imediatamente pós-guerra (iniciativa que ainda hoje é alvo de profundas críticas na Inglaterra) seria um fato positivo e exemplar. A partir daí, o presidente Lula ficou à vontade para fazer uma autocrítica em nome do PT: Não me sinto encabulado quando dizem que o PT foi contra as reformas no passado. Nem todos acordam na mesma hora, mesmo porque nem todos deitam na mesma hora. Isso não nos impede de evitar erros do passado e fazer as reformas necessárias ao país, segundo relato de parlamentares à imprensa. Evoluir com as idéias sempre é positivo. Mudar radicalmente de uma hora para outra, porém, nem sempre é um bom sinal. Muitas das propostas apresentadas pelo governo federal, de fato, focam em questões essenciais para o futuro do País. A Reforma Previdenciária é uma delas. O Brasil torce para que o caminho escolhido seja trilhado com segurança e que manobras radicais não venham causar acidentes de percurso que tragam novos prejuízos aos setores mais sofridos da população.